Natalie Dawson é uma cirurgiã dedicada que acredita firmemente na ética de sua profissão, jurando salvar todas as vidas, independentemente de quem sejam. Mas quando um homem gravemente ferido, sem identidade, é trazido ao hospital onde ela trabalha, ela se vê forçada a operar alguém em estado crítico sem saber quem realmente é. Ele é Alejandro Rojas, mais conhecido no submundo do crime como "El Lobo", um homem implacável e perigoso que carrega o peso de um passado sombrio e violento. Enquanto Natalie luta para salvar sua vida, ela começa a perceber que está lidando com algo mais do que apenas uma vítima de um confronto — Alejandro é um homem com segredos, e a conexão entre eles é inevitável. Ele sabe que a médica foi a única razão de sua sobrevivência, e isso cria uma dívida que o leva a procurar por ela. À medida que as linhas entre dever e desejo começam a se borrar, Natalie se vê dividida entre seu compromisso com a moralidade e a atração que sente por ele. Alejandro, por outro lado, não é um homem fácil de ler, mas sabe que, de alguma forma, sua sobrevivência está ligada a ela. Juntos, terão que enfrentar não apenas os fantasmas do passado de Alejandro, mas também os riscos de uma conexão que pode ser fatal para ambos.
Ler maisO dia seguinte amanheceu com o mesmo peso sufocante da noite anterior. O sol mal despontava no céu e Natalie já estava de pé, sentindo que o mundo exigia dela mais do que podia oferecer. As palavras de Alejandro ainda ecoavam em sua mente — impregnadas como um lembrete de que, por mais que tentasse negar, ele estava por toda parte. Observando. Controlando. Cercando. Vestiu o jaleco como quem veste uma armadura. A única que tinha. Ao chegar ao hospital, tudo parecia inalterado — os corredores brancos, os olhares contidos, os sorrisos educados demais. Mas havia algo diferente nela. Já não era apenas a médica estrangeira. Agora era a mulher que ele havia notado. E todos pareciam saber disso. Na sala de descanso, uma das enfermeiras, Clara — jovem, de olhos atentos e voz baixa — aproximou-se com uma caneca de café nas mãos. — Difícil dormir na primeira noite, né? — disse, sem encará-la diretamente. Natalie ergueu as sobrancelhas, surpresa com a abordagem. — Algo assim — responde
Natalie passou o resto da noite em claro, o corpo estendido sobre a cama, mas a mente agitada demais para descansar. Cada pequeno ruído lá fora fazia-a prender a respiração, cada sombra projetada na parede parecia ameaçadora.Quando a manhã finalmente rompeu pelas frestas da janela, sua cabeça doía e seus olhos ardiam. Mesmo assim, se obrigou a levantar, tomar um banho rápido e vestir a roupa social que havia separado na mala.Ainda tinha um trabalho para começar. E não importava o que tivesse acontecido na noite anterior, ela não podia deixar que isso a paralisasse.Enquanto dirigia para o novo hospital — uma construção grande e moderna, mas com um movimento discreto, quase abafado —, Natalie tentou afastar Alejandro de sua mente. Focou no motivo que a havia levado até ali: ela era uma médica. Uma cirurgiã. Sua missão era salvar vidas, não se envolver com homens perigosos.Ao chegar, a enfermeira a guiou até a ala de emergência, onde encontrou rapidamente a equipe. O ambiente estava
As mãos de Natalie ainda tremiam quando tocou a maçaneta. Mas não conseguiu girá-la.Ficou parada ali, com o coração disparado no peito, ouvindo o som da chuva batendo contra o chão e sentindo o peso daquela presença do outro lado da porta.Ele não bateu de novo.Não chamou por ela.Apenas esperava.Parte dela sabia que, se fosse qualquer outra pessoa, teria insistido, falado, talvez até ameaçado. Mas Alejandro Rojes apenas permaneceu ali, como se soubesse que sua simples presença bastava para mantê-la paralisada.O peito dela subia e descia em um ritmo frenético.Devia abrir?E se ele tivesse vindo para silenciá-la? E se...?Engoliu em seco, apertando a maçaneta com os dedos frios.“Você salvou a vida dele”, repetiu mentalmente, tentando se acalmar. “Não há motivo para ele te machucar...”Mas será que isso realmente importava?Ela conhecia apenas o nome dele. Um nome que, mesmo sem muitos detalhes, a fazia desconfiar do tipo de homem que ele era.E agora ele estava ali, do lado de fo
Natalie tomou um banho rápido e, enquanto desembrulhava um sanduíche comprado no caminho, se deitou, esperando que o sono chegasse rapidamente. Mas o descanso não veio. Ela virou de um lado para o outro na cama, inquieta, tentando relaxar, mas a casa parecia excessivamente silenciosa, como se o silêncio fosse opressor.Lá fora, o som distante das motos passando e o latido ocasional de um cachorro quebravam a quietude da noite. Nada de incomum, e ainda assim, Natalie não conseguia se acalmar. A imagem de Alejandro, com seu rosto pálido sob as luzes da sala de cirurgia e o sangue cobrindo parte do seu peito, invadia seus pensamentos sem ser convidada. Ela lembrava do olhar dele, atento, pesado, apesar da dor. Mas o que mais a incomodava era a certeza de que ela não sabia quem ele realmente era. Tinha apenas um nome e muitas perguntas sem resposta.Ela se revirou novamente na cama e fechou os olhos com força, tentando afastar esses pensamentos. Murmurou para si mesma: "Ele não é problema
O corredor do hospital parecia se estender por um caminho interminável enquanto Natalie caminhava em direção ao escritório do doutor Herrera. As luzes frias e o cheiro constante de antisséptico preenchiam o ar, tornando tudo ao redor ainda mais carregado. O som abafado de passos apressados e conversas distantes criava uma atmosfera tensa, como se algo estivesse prestes a acontecer, mas ela não sabia exatamente o quê.Ao bater na porta de madeira escura, a voz grave do doutor Herrera se fez ouvir do outro lado, convidando-a a entrar. Quando a porta se abriu, Natalie o encontrou atrás de uma mesa elegante, com pilhas organizadas de papéis à sua frente. O doutor Herrera era um homem de meia-idade, com os cabelos grisalhos nas têmporas e olhos astutos que pareciam ler mais do que ela era capaz de dizer.— Doutora Dawson, obrigado por vir tão rápido. — Ele ajustou os óculos. — Antes de tudo, quero lhe dar as boas-vindas oficialmente. Estamos animados por tê-la em nossa equipe.Natalie asse
Natalie passou o restante do turno como se fosse um fantasma no hospital. Ela atendeu pacientes, revisou prontuários e acompanhou as cirurgias agendadas, mas tudo parecia distante, como se estivesse observando a si mesma de fora.O convite para ir à Colômbia não saía da sua cabeça.Quando finalmente terminou seu expediente, pegou suas coisas no vestiário e saiu sem rumo definido. Dirigiu sem pensar, deixando o carro vagar pelas ruas da cidade até parar em frente a uma pequena e acolhedora cafeteria, onde costumava frequentar nos tempos de residência.O sino na porta tilintou quando ela entrou.O aroma de café fresco e pão assado a envolveu de imediato, trazendo-lhe um pouco de conforto. Pediu um cappuccino e se sentou no canto mais afastado, apoiando a testa nas mãos. A xícara quente entre seus dedos era a única âncora que tinha naquele momento.Bogotá.Outro país. Outra vida.Deixaria para trás o hospital onde construiu sua reputação, os colegas que se tornaram amigos. E também deixa
Natalie lidava com todo tipo de paciente — vítimas de acidentes, baleados, esfaqueados, pessoas em choque, à beira da morte. Como médica cirurgiã, seu trabalho era enfrentar a dor dos outros com mãos firmes e mente fria.Mas com ele... havia sido diferente.Não era apenas o ferimento que ela queria curar.Era aquela expressão endurecida, o peso invisível que ele carregava, como se o mundo inteiro estivesse desabando sobre ele e ele se recusasse a permitir que alguém o ajudasse.E, mesmo enquanto costurava sua pele com cuidado, trocando as ataduras, cada centímetro daquele corpo machucado parecia gritar por socorro — um socorro que ele jamais pediria.Natalie fechou os olhos por um momento, sentindo a frustração crescer.Ela não podia se envolver. Já tinha cruzado essa linha antes, confiando demais, se importando demais, e tudo o que restou foram cicatrizes.Ele era perigo. O tipo de homem que deixava destruição por onde passava.Ela sabia disso no fundo da alma.Mas, mesmo assim, a im
O ar da madrugada bateu no rosto de Alejandro assim que ele cruzou as portas do hospital. O frio cortante parecia não afetá-lo, sendo a adrenalina ainda a principal coisa que corria em suas veias, abafando a dor que tentava se manifestar em seu corpo. Seus músculos e articulações protestavam, mas sua determinação era mais forte.Dois de seus homens o aguardavam no carro preto estacionado a alguns metros, atentos, varrendo as ruas silenciosas. Ao vê-lo, saíram do veículo imediatamente. Javier foi o primeiro a correr para abrir a porta traseira.— Patrón — disse Javier, claramente preocupado com seu estado.Alejandro ignorou o olhar dele. Não precisava de pena nem de alguém lembrando-o da vulnerabilidade que sentia, mesmo que momentaneamente. Entrou no carro, sentindo o ferimento arder sob a roupa manchada de sangue.— Temos que sair daqui agora — rosnou, cerrando os dentes para conter a dor que ameaçava transparecer. — Não quero mais um segundo nesse maldito país.Javier assentiu rapid
Natalie deu alguns passos para o lado, abrindo caminho para que ele passasse, observando atentamente cada movimento de Alejandro. Ele se movia como um homem que sabia exatamente o que queria e como conseguir. Havia algo na postura dele, mesmo ferido, que indicava sua recusa em admitir qualquer fraqueza, como se o orgulho o mantivesse de pé.Apesar disso, a médica dentro de Natalie não conseguia simplesmente deixar passar.— Espere — disse ela, sua voz mais firme do que o esperado. Alejandro parou na porta, sem se virar, oferecendo-lhe apenas um breve momento de atenção. — Deixe-me verificar o seu ferimento antes de ir. Você precisa de antibióticos e analgésicos para o trajeto.Ele suspirou impacientemente, mas se virou. O olhar dele era desafiador, carregado de um peso difícil de decifrar.— Seja rápida — disse ele, a voz marcada por um sotaque forte que tornava suas palavras ainda mais cortantes.Natalie se aproximou com cuidado, sentindo seu coração acelerar. Sem dizer uma palavra,