Capítulo 6

Natalie deu alguns passos para o lado, abrindo caminho para que ele passasse, observando atentamente cada movimento de Alejandro. Ele se movia como um homem que sabia exatamente o que queria e como conseguir. Havia algo na postura dele, mesmo ferido, que indicava sua recusa em admitir qualquer fraqueza, como se o orgulho o mantivesse de pé.

Apesar disso, a médica dentro de Natalie não conseguia simplesmente deixar passar.

— Espere — disse ela, sua voz mais firme do que o esperado. Alejandro parou na porta, sem se virar, oferecendo-lhe apenas um breve momento de atenção. — Deixe-me verificar o seu ferimento antes de ir. Você precisa de antibióticos e analgésicos para o trajeto.

Ele suspirou impacientemente, mas se virou. O olhar dele era desafiador, carregado de um peso difícil de decifrar.

— Seja rápida — disse ele, a voz marcada por um sotaque forte que tornava suas palavras ainda mais cortantes.

Natalie se aproximou com cuidado, sentindo seu coração acelerar. Sem dizer uma palavra, começou a examinar o curativo improvisado. O sangue já tinha manchado parte das ataduras, mas felizmente o sangramento havia diminuído. Ainda assim, ele precisava de mais cuidados do que estava disposto a admitir.

Enquanto trocava as ataduras rapidamente, as mãos de Natalie tremiam levemente, não por medo, mas pela estranha tensão que pairava no ar entre eles. Ela podia sentir o olhar dele em cima de si, como se estivesse decidindo se ela era uma ameaça ou apenas uma inconveniência.

Quando terminou o curativo, abriu a gaveta e pegou uma bandeja com pequenos frascos.

Ela informou que aplicaria um antibiótico, sem esperar permissão. Sabia que ele poderia facilmente arrancar tudo dela se quisesse, mas, naquele momento, ele permaneceu imóvel, permitindo que ela agisse.

Preparando a injeção com rapidez, Natalie a aplicou no braço dele. Depois entregou dois comprimidos de analgésico e um copo de água.

— Tome. Vai ajudar a suportar a viagem — disse ela, seu olhar firme no dele.

Por um momento, achou que ele recusaria por puro orgulho, mas, para sua surpresa, Alejandro pegou os comprimidos e os engoliu sem discutir. Um pequeno gesto de aceitação, ou talvez apenas uma estratégia para acelerar a própria fuga.

Quando terminou, ela deu um passo para trás, sentindo um alívio misturado com frustração.

— Agora você está pronto — disse Natalie, a voz mais dura do que ela pretendia.

Ele não respondeu. Apenas se ajeitou melhor, ajeitando a camisa amassada e o casaco escuro que estava ali, jogado sobre uma cadeira. O tecido, sujo com o próprio sangue, manchava o pano de vermelho escuro, mas ele parecia não se importar. Seus movimentos ainda eram um pouco rígidos pela dor, mas ele não deixava transparecer fraqueza alguma.

Natalie ouviu passos pesados no corredor. Estavam vindo buscá-lo.

Alejandro se aproximou da porta, mas antes de sair, virou ligeiramente a cabeça na direção de Natalie.

— Não deveria se meter com coisas que não entende, doutora — disse ele, com aquela voz rouca, cheia de uma ameaça velada. — Isso pode acabar mal pra você.

Então, sem esperar resposta, ele cruzou a porta, sumindo no corredor.

Natalie ficou ali, imóvel, com o coração batendo forte no peito. Era como se uma corrente invisível tivesse se formado entre eles naquele instante, algo que ela não conseguia explicar, mas que sabia, no fundo da alma, que não iria se romper tão facilmente.

Mesmo que ele tivesse ido embora, a sensação de perigo — e algo mais, algo sombrio e sedutor — permanecia pairando no ar, impregnando o ambiente como uma sombra que não podia ser dissipada.

E Natalie, contra toda a lógica, sentia que aquele encontro era apenas o começo.

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