Mundo ficciónIniciar sesiónQuem é o Lobisomem no Quintal? Quando a tranquilidade da casa é quebrada por uivos que atravessam a noite, a família percebe que algo muito além do imaginável ronda o quintal. Entre marcas de garras, cheiros desconhecidos e sombras que parecem se multiplicar, uma pergunta começa a ecoar: quem — ou o que — está lá fora? À medida que a narrativa se desenrola, descobrimos que o lobisomem não é apenas uma criatura solitária, mas o ponto de partida para uma metamorfose inesperada que envolve várias gerações de uma mesma linhagem. Sabores proibidos, instintos despertos e um toque de humor macabro se misturam enquanto o inferno observa, comenta e, por vezes, orienta. Com atmosfera mística e um fio de ironia demoníaca, Quem é o Lobisomem no Quintal? revela que nem todo monstro vem para destruir — alguns vêm para revelar verdades escondidas, rearrumar o caos familiar e provar que, no fim das contas, nem o diabo resiste a uma boa história de lobisomens em noite de transformação.
Leer másAutora: Andréia Morena de Mello Murbach
Filha de: André Murbach e Alba de Mello Murbach
Nascida em: 15/02/1969 — Pitanga/PR
Formada em: Artes Visuais — UNIP Guarapuava
Dedico este livro aos amigos que amam a alegria, que são felizes e lutam pelo que desejam —
entre eles, Júlio César Teixeira dos Santos.
Esta história gira em torno de uma mulher que passava a vida observando — e julgando — os vizinhos, apenas para encontrar motivos para acusá-los. Ao morrer, ela passa a viver na escuridão espiritual, entendendo que esse destino é fruto de suas próprias escolhas: do que fez, falou, pensou e, principalmente, do que deixou de fazer quando deveria.
Para que aceite que é merecedora de tal condição, viverá diversas experiências na escuridão até perceber o que fez de sua última vida encarnada — e de todas as anteriores. Ela dará muito trabalho aos demônios.
Em sua última passagem pelo mundo dos encarnados, vivia perturbando a vizinhança com sua falsa moralidade e sua vontade de interferir na vida íntima alheia. Casou-se, ficou viúva, e passou a detestar ver alguém feliz, já que ela mesma não tinha ninguém ao lado para compartilhar a própria felicidade. Seu prazer era tornar infelizes todos ao seu redor — do “maternal” à “idade geriátrica”.
Entenda por “maternal” o início da vida sexual; “creche”, a fase da vida sexual ativa; e “idade geriátrica”, o grupo dos “enta” — quarenta, cinquenta, sessenta e assim por diante — o período final do ciclo sexual. Maternal e geriátrica são semelhantes por viverem relações esporádicas, mas diferentes porque um inicia o ciclo enquanto o outro o encerra.
Em resumo, ela viveu sendo má. Sua consciência não a deixava dormir, e a insônia lhe dava tempo de atormentar os demais. Ao morrer, presa às próprias convicções, foi parar no umbral. Por não querer se afastar de tudo e de todos — e por ter o hábito de controlar tudo ao redor, fossem pessoas ou objetos —, lutará para permanecer próxima dos encarnados e fazer com que eles façam o que ela acredita ser certo.
Quando finalmente perceber que desencarnou, tentará se divertir às custas das pessoas e buscará maneiras de se fazer presente na vida daqueles que ainda vivem. Ela tentará assombrá-los, atrapalhando sempre o “fogo no parquinho” da turma encarnada — entenda por “fogo no parquinho” a vida sexual.
Desejará, a todo custo, permanecer viva na memória dos que conheceu, procurando aparecer para eles e trazer desespero, já que agora vive no umbral, mesmo sabendo que, em vida, foi uma mulher profundamente equivocada.
Silvânia — assim se chamava — é o tipo de pessoa que vive a vida dos outros e para os outros. Pessoas assim não se importam com Deus nem com a espiritualidade positiva. Seu foco é prejudicar o próximo de todas as formas possível; por isso, quando morrem, ficam presas à Terra e ao ontem, tornando-se prisioneiras da escuridão espiritual.
Após a morte, buscam visitar pessoas — em sonhos ou em lembranças — para permanecerem por perto. Silvânia tinha locais e pessoas que queria atingir, pois acreditava possuir alguma autoridade sobre elas, autoridade essa que nunca teve, pois não é Deus. Depois de morta, ainda deseja obter o que não conseguiu em vida. Como muitos espíritos atormentados, não se importava com ninguém.
As pessoas que esses espíritos tentam assombrar são, via de regra, aquelas às quais fizeram muito mal. Quando não conseguem perturbar a mente dessas pessoas — especialmente quando o ódio delas é grande, mas a pessoa-alvo é pura e não guarda rancor —, buscam atingir quem não tem nada a ver com a história. Assim, acabam atormentando pessoas inesperadas, geralmente aquelas de quem tinham medo em vida.
O demônio, ao lidar com essências repetitivas no erro e na ignorância, transforma esses espíritos em lobisomens — criaturas destinadas a assombrar a vida de quem o universo deseja que evolua, mas que está muito aquém desse caminho.
Entre os atingidos está a figura emblemática de um assassino de facções criminosas que, ao ouvir falar do lobisomem, se arrepia até o último fio de cabelo. Ele não teme assombrações comuns, mas teme o lobisomem, pois entende, de certo modo, que essa entidade vem vingar as mortes de pessoas assassinadas por matadores profissionais. Sendo um deles, teme ser alcançado um dia.
Poucos têm uma percepção real do que é o lobisomem. Ele é um deles.
A vida mostrará muitas faces para muitas pessoas. Muitos têm medo de lendas e mistérios sobrenaturais e dirão que o lobisomem é apenas invenção de quem vive no espiritismo. Porém, se forem de mau caráter, serão decepcionados: estes sim o verão — e serão atingidos. Já os inocentes sequer notarão sua presença e acreditarão que ele não existe.
Para alguns, o monstro será fruto da imaginação. Para outros, será real, pois sua energia espiritual corresponderá à dele. A criatura sanguinária só alcança seres igualmente sanguinários, que sugam a vida das pessoas com maldades, manipulações, exploração e morte.
Inocentes raramente percebem os desencarnados, pois são da luz, enquanto aqueles são da escuridão. Mentores espirituais os protegem e impedem a aproximação.
Assim, veremos como a crença, a bondade — ou a banalização do mal — molda a forma como cada personagem enxerga o mundo ao seu redor. Dizem os médiuns que tudo o que você teme com força, você atrai; e tudo o que abusa, também atrai. Espiritualistas, religiosos, médicos e cientistas concordam que a mente pode nos mostrar coisas assustadoras, especialmente em sonhos, que revelam cicatrizes emocionais e espirituais.
Para cada personagem, os presságios da criatura serão diferentes. Alguns perceberão até nos bocejos constantes — que, segundo espiritualistas, são sinais de presença sobrenatural.
A fé ajuda muitos, mas prejudica outros: fanáticos acabam chamando influências negativas pela insistência em falar delas. Cada crença explica o que pode haver do outro lado da vida, mas certezas ninguém tem. E quando o lobisomem aparecer, todos se agarrarão ao que acreditam.
A curiosidade humana fará muitos se meterem onde não devem. Tentar comprovar o que não compreendem trará consequências. Manifestar-se sem preparo pode prejudicar tanto o encarnado quanto o espírito que quer chamar atenção.
Em sua última encarnação, nossa “beata” foi filha de um pai escravocrata e cruel; por isso, sua família permanece presa em uma dimensão onde as sombras sempre os alcançam. Em noites de lua cheia, ela e seus familiares infernais se reúnem em um círculo. Homens e mulheres se unem numa forma masculina que, vista de longe, parece ora cão, ora homem — um verdadeiro lobisomem.
Alguns médiuns conseguem percebê-los e se unem para libertá-los, levando-os à luz. Com isso, o lobisomem desaparecerá das matas, mas na verdade os libertos serão os médiuns — não os lobisomens.
As reações aos acontecimentos serão variadas. Até o final, muitas situações ocorrerão, inclusive pessoas tentando brincar com o fenômeno e levando uma forte resposta do desconhecido.
Alguns personagens terão suas vidas transformadas pelo aparecimento do lobisomem, acreditando estar sendo assombrados por causa de seus próprios passados sombrios.
Chegará um momento em que cada um verá no rosto do lobisomem aquilo que precisa acertar em sua própria vida.
Uma história cheia de nuances que fará você rir, mas também refletir sobre os motivos pelos quais tememos tantas coisas.
Escrever esta parte da história foi como caminhar por um corredor onde a luz e a sombra disputam cada centímetro de chão. O mito do lobisomem sempre nos fascinou, mas aqui ele não veste apenas pele e garras — ele carrega culpas ancestrais, karmas esquecidos, ecos de vidas passadas, e a eterna pergunta que tentamos evitar: o que fazemos com o mal que herdamos e o mal que produzimos?Este capítulo fala de algo que muitos preferem não olhar: a sombra humana. Aquela que não nasce do sobrenatural, mas das escolhas diárias, dos ódios antigos, dos abusos repetidos, da violência que se multiplica como praga. A criatura que aqui aparece não é apenas um monstro — é uma consequência. É o reflexo do que insistimos em não aprender.Enquanto escrevia, percebi que o lobisomem desta história não veio para assustar inocentes; ele veio para colocar diante de alguns a própria escuridão que eles espalharam pelo mundo. E, ao mesmo tempo, ele expõe outra verdade: ninguém permanece estagnado para sempr
O Criador, em sua sabedoria silenciosa que permeia todos os mundos, nos concede o direito de escolha. Não é um presente trivial. É o maior e mais perigoso dom que um ser pode receber. Pois toda escolha nos conduz inevitavelmente a consequências — e estas, por mais que tentemos negar, pertencem exclusivamente a nós e ao rastro de intenções que deixamos pelo caminho.Dentro de cada ser humano repousam dois arquétipos ancestrais: o lobisomem — símbolo das sombras, dos instintos, do descontrole; e o anjo — símbolo da luz, da lucidez e da consciência mais elevada. Ninguém nasce pré-escolhido. Somos nós que decidimos, a cada gesto, pensamento e silêncio, qual deles alimentamos até que se torne dominante.Ser o lobisomem pode ser aterrorizante; ser o anjo, igualmente. Ambos exigem coragem — um para domar-se, outro para iluminar-se. E ambos são partes que o Criador colocou em nós, porque nada no universo é acidental.O amor que sentimos nasce da essência luminosa com a qual fomos mold
No silêncio que antecede todos os fins e todos os começos, o Criador ergueu-Se no centro do Grande Vazio, onde as teias do tempo se dissolvem antes mesmo de nascerem. Ali, onde estrelas são apenas suspeitas e sombras ainda não descobriram o próprio nome, Ele chamou Satã como quem convoca a parte esquecida de Si mesmo.Não havia raiva. Não havia glória. Havia apenas necessidade.O Criador apontou para o novo mundo, um orbe translúcido, desperto, suspenso no horizonte cósmico como um olho ainda sem pálpebras.— No planeta que te envio, Satã, precisarás de um ser capaz de caminhar entre a luz e o abismo, sem pertencer inteiramente a nenhum deles. Um ser criativo, prepotente, arrogante, atroz. Um ser frio. Um ser que faça sofrer sem tremer. Que rompa pactos, que destrua alianças, que devore o próprio destino como fera que não compreende o que mastiga.Satã ouviu, imóvel, como se cada palavra fosse um fio de ferro sendo introduzido lentamente em sua consciência. Vasculhou mentalmente seus
DEUS E SUAS CONCESSÕES...O Criador, em sua vastidão insondável, concedeu a cada ser humano um presente silencioso e poderoso: o livre-arbítrio. Não como prêmio, nem como ameaça, mas como a expressão mais íntima de confiança. Ele nos oferece a escolha — e junto dela, nos entrega a responsabilidade. O universo inteiro, em seu pulsar eterno, responde às escolhas que fazemos, sem jamais trair a essência dessa lei divina: cada um colhe exatamente aquilo que semeia, no tempo certo e no terreno certo.Dentro de cada um de nós habitam dois arquétipos: o anjo e o lobisomem. Não criaturas externas, mas símbolos profundos de nossas inclinações mais luminosas e mais sombrias. O anjo, feito de amor, paciência, verdade e expansão. O lobisomem, feito de impulsos ciegos, orgulho ferido, voracidade emocional e destruição. Nenhum deles existe sem razão; ambos são ferramentas internas. Mas somos nós que decidimos qual deles nutrir.Ser anjo pode ser difícil. Exige renúncia ao ódio, exige firmeza contra
A DESCOBERTA DO HUMANO E DO ABISMO INTERNO Quando Lúcifer, com seu gesto lento e calculado, apontou para uma moradora específica de Arrêt, o ar pareceu mudar de densidade. O nome daquela criatura — que já vivera incontáveis vidas — vibrou no espaço como se um segredo antigo estivesse sendo finalmente desenterrado. Foi ali que a curiosidade de Axny, cidadão de Flüchtig, se acendeu como uma chama espectral.Flüchtig era um mundo que nascera da velocidade do pensamento e da precisão do julgamento. Seus habitantes, embora não fossem malignos, compreendiam a lógica da justiça com clareza absoluta. E Axny, sendo um dos mais atentos, sentiu um impulso indescritível: ele precisava ver aquela alma, precisava compreender a história que a havia moldado.Lúcifer atendeu ao desejo sem hesitar. Abriu diante dele os “vídeos” de todas as encarnações daquela criatura — fragmentos da eternidade armazenados nas trevas de Arrêt. Os registros giraram ao contrário no ar, como um rio fluindo para a nascente
SER HUMANO? PLANETA TERRA? No anfiteatro vivo de Arrêt — um colosso de carne exonerada e rochas que sussurram segredos extintos — Satã caminha lentamente, enquanto o céu rubro-petrificado pulsa acima como uma ferida antiga que nunca fecha.Diante dele, seres de dezenas de mundos observam, atentos, a projeção cinzenta do Holocórtex. O tema do dia era intrigante para todos os presentes:Por que, de um planeta tão exuberante quanto a Terra, sobraram tão poucos seres humanos?Por que, entre bilhões e bilhões, apenas alguns foram escolhidos?Satã suspira — um som que parece vidro rachando. A PERGUNTA QUE ECOA NO COSMOS— Ser humano? Planeta Terra? — Satã repete, como se mastigasse as palavras. — Vocês me perguntam isso todos os dias. Mas é simples... e ao mesmo tempo tão profundamente incompreensível que só um humano conseguiria não entender.Os visitantes de Arrêt se aproximam, curvando seus corpos bizarros, atentos.— Com um planeta tão lindo, vocês dizem... — Com um criador tão compa
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