O demônio, sentado em seu trono de brasas vivas, gargalhava enquanto observava os seres humanos tropeçando em suas próprias conclusões equivocadas.
— Deus se vingando... — repetiu, zombeteiro. — É bem a cara deles atribuir ao Altíssimo aquilo que nunca lhe pertenceu.
Ele inclinou a cabeça, entediado.
— Deus não se vinga, seus idiotas. Ele é benevolente, paciente, luminoso. Quem é vingativo sou eu. Só eu.
O eco da sua risada preenchia o abismo.
— Como conseguem ser tão tolos? — resmungou. — Julgam errado tudo que veem, tudo que sentem, tudo que temem. São mestres em criar teorias absurdas. Ah, cambada de bocós…
Lá em cima, na superfície, magos, médiuns e pais de santo discutiam freneticamente a origem dos ataques. O demônio os observava como quem assiste a um teatro mal ensaiado.
— Já que estão aí perdendo tempo tentando prever onde o lobisomem vai atacar na próxima lua cheia… — ele sorriu, preguiçoso — …vou mandar meu pessoal se divertir um pouco. Nada como semear discórdia doméstica