A maldição dos Sales

A maldição dos SalesPT

Fantasia
Última actualización: 2025-11-14
DANI VENCES  Recién actualizado
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Resumen
Índice

Lucy tem dezesseis anos quando descobre que é herdeira de um castelo em uma cidadezinha do interior, mas ao chegar lá ela percebe que nem tudo é o que parece. Sua família é conhecida por praticar bruxaria, a cidade apesar de parecer ter conseguido chegar no século XXI ainda mantém os mesmos pensamento de séculos passados, onde acreditavam que as bruxas deveriam ser queimadas. Lucy conhece Cedrik, um menino misterioso que deixa bem claro que não quer nada com ela, mas existe algo nele que a fascina, mesmo que ela não saiba dizer o que é. Ela também não sabe que a maldição dos Sales condenou toda a cidade a viver o mesmo loop por século. A cada cem anos um Howard e um Sales se apaixonam, mas eles nunca vivem esse amor, pois um sacrifício deve ser feito ou então a cidade inteira se queimará junto com eles.

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Capítulo 1

Prólogo

A chuva desabava sobre Cameron, um véu de água que transformava as ruas de paralelepípedos em rios lamacentos. Relâmpagos rasgaram o céu, iluminando por instantes as colinas escuras que cercavam a cidade, como sentinelas de um segredo antigo. No centro de um campo deserto, uma mulher de longos cabelos vermelhos se ajoelhava ao lado do corpo inerte de um homem. Seus soluços cortavam o ar, misturando-se ao rugido do vento e ao tamborilar incessante da tempestade.

— Volte, por favor... volte! — implorava, a voz embargada, enquanto suas mãos tremiam seguravam o rosto pálido do homem.

A poucos metros, outra figura feminina jazia imóvel, os cabelos grisalhos espalhados na lama, como se a terra estivesse reclamando. O sangue que manchou sua roupa se dissolveu na chuva, um sacrifício silencioso. A mulher de cabelos vermelhos, Mary, parecia não notar o corpo da outra; seus olhos estavam fixos no homem, Dick, o amor que ela perdeu para a maldição que assombrava sua família há séculos.

Um ronco tempestade de motor corta o lamento da. Faróis cortaram a escuridão, revelando as ruínas de uma cerca quebrada e a silhueta de um carro velho. Uma senhora desceu, o rosto marcado por rugas profundas e olhos que carregavam o peso de uma vida de segredos. Bethany Sales, a matriarca da família, caminhava com passos vacilantes, mas certos, até a cena trágica. Seus olhos caíram sobre o homem no chão, e um suspiro doloroso escapou de seus lábios.

— Eu avisei que ele não conseguiria sozinho — disse, uma voz frágil, mas firme, como se repetisse uma verdade que ela já conhecia há muito.

Mary traduz o rosto, as lágrimas misturando-se à chuva que escorria por suas bochechas. Seus olhos verdes, inflamados de dor, encontraram os de Betânia.

— O que faço agora? — Disse, a voz tremenda, quase engolida pelo trovão que ecoou ao longe. — Ele foi, Betânia. Ele se foi, e ela... — Sua voz falhou ao olhar para a mulher morta ao seu lado.

Bethany balança seu olhar, e um lampejo de angústia cruzou seu rosto. Ela se deslocou do carro, onde, no banco traseiro, um bebê dormia, alheio à tragédia que o cercava. A criança, embrulhada em uma manta desbotada, parecia intocada pela escuridão que engolia a noite. Bethany estendeu uma chave com mãos trêmulas, o metal frio brilhando sob a luz dos relâmpagos.

— Leve-a embora, Mary. Tire-a de Cameron. — Sua voz era uma mistura de ordem e súplica. — Eu aguentei o máximo que puder para que ela não precise voltar.

Mary pegou uma chave, hesitando. Seus dedos apertaram o metal, como se ele pudesse ancorar sua dor. Ela olhou para Dick, depois para o bebê, e finalmente para Bethany.

— Se eu for, não volto — disse, com uma determinação quebrada. — Minha filha não será como vocês. Não será uma venda condenada por essa maldição.

Bethany fitou o bebê, seus olhos marejados refletindo a luz fraca do carro.

— A maldição da meia-noite não perdoe, querida. Ela voltará, mais cedo ou mais tarde. O sangue dos Sales sempre encontra o caminho de volta para Cameron. — Sua voz suavizou, quase um sussurro. — Mas farei o possível para lhe dar tempo. Lamento nunca mais vê-la.

Mary abriu a boca para protestar, mas um brilho súbito chamou sua atenção. No pescoço do bebê, um colar simples, com um pingente em forma de meia-lua, pulsava com uma luz fraca, quase sobrenatural. Ela tocou o pingente, sentindo um calor estranho contra seus dedos gelados.

— O que é isso? — Disse, a voz relacionada de desconfiança.

Bethany hesitou, como se pesasse o quanto poderia revelar.

— Hum, fardo. É uma esperança. — Ela fechou os olhos por um instante. — Guarde-o com ela. Quando o tempo chegar, ela saberá o que fazer.

Mary segurou o colar, seus olhos voltados para o corpo de Dick. A dor atravessou como uma lâmina, mas ela se declarou, carregando o bebê nos braços. A chuva parecia mais pesada agora, como se a própria cidade chorasse por sua partida. Ela olhou para Betânia uma última vez, a silhueta da matriarca desaparecendo na escuridão.

— Adeus — sussurrou Mary, antes de entrar no carro e acelerar para longe, deixando para trás o campo, os corpos e a maldição que ainda ecoava nas colinas de Cameron.

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