Nasci em meio a uma ausência. Minha mãe morreu ao me dar a vida, e meu pai… bem, ele nunca fez questão de mim conhecer —Tudo o que sei é o que minha avó, dona Marta, me contou: os dois se conheceram em uma viagem à Bahia, foi um amor de verão, desses que começa e acaba rápido e deixam profundas. Quando soube da minha existência, ele apenas disse que não queria se envolver. E desapareceu. Fui criada pela minha avó, uma professora de alma doce e mãos firmes, que fez da nossa casa simples o lugar mais cheio de amor do mundo. Ela perdeu o marido ainda jovem, e quando eu nasci, já estava sozinha. Dizia que eu cheguei para dar novo sentido à vida dela — e, de fato, fui a razão do seu sorriso por muitos anos, nos amávamos muito. Quando completei vinte e dois anos, o coração dela começou a falhar. “Minha filha, não quero que pare de estudar”, ela me dizia com aquele olhar sereno que disfarçava o medo. “Temos essa casa e meu salário,fiz uma pequena poupança. Quero que, quando eu me for, voc
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