Eu já me sento mais leve.

— Nossa, tenho a sensação de estar sendo observada… — falei baixinho pra mim mesma.

Acho que é a bebida. Não tenho costume de beber, vou parar por aqui.

 

Achei o banheiro e entrei. Que alívio.

Quando fui lavar as mãos, tinham duas mulheres lá, e pareciam já meio bêbadas. Olhei pro espelho e vi tudo meio desfocado.

— Acho que eu também não tô tão bem assim — murmurei.

 

Quando saí e virei pra voltar pra onde estava a Júlia, bati em uma parede.

Quer dizer… em alguém.

A batida me empurrou pra trás, quase caí, mas braços fortes me seguraram. Levantei o olhar e dei de cara com um homem lindo, de olhos azuis como piscina, me olhando com um sorriso que deixou minhas pernas ainda mais moles.

 

— Attenzione — falou num italiano que me arrepiou até os cabelos da cabeça.

 

Minha voz custou a sair.

— Desculpe — falei, gaguejando, sem saber se era por estar nos braços dele ou pela bebida.

 

— Um piacere — respondeu, e eu fiquei na dúvida se ele esperava algo mais.

A situação era estranha e deliciosa ao mesmo tempo. Não consegui sair dos braços dele por um instante.

O olhar dele era tão profundo que me desconcertou.

 

— Estou de olho em você há um tempo. Adorei te ver dançar. Quero dançar com você, mas só nós dois. Venha.

 

Meu Deus, acho que enlouqueci. Só fui.

Ele me levou pra uma sala reservada, de onde dava pra ver a pista e todo o salão. O vidro era espelhado.

Havia uma mesa com dois copos.

Olhei pra tudo, depois pra ele. Aquele sorriso estava lá de novo.

 

— Eu estava com um amigo aqui, quando te vi chegar — disse, se aproximando mais.

 

Meu olhar se prendeu ao dele. De repente, me pegou pela cintura e começou a dançar comigo, como tinha prometido.

Mas aquela dança era sensual ,hipnose. Quando percebi, estávamos nos beijando.

Um beijo intenso, possessivo ,apressado… como se o desejo fosse maior que tudo.

O beijo foi também uma dança, as mãos dançavam pelo meu corpo,como se ele quisesse sentir cada parte ,o beijo não parou,eu fiquei sem ar, sem tempo.

 

— Minha amiga, a Júlia… ela tá me esperando, deve estar preocupada — consegui dizer, entre uma respiração e outra.

 

Ele riu.

— Acho que nem tanto — respondeu, virando meu rosto discretamente. E eu vi. Ela estava aos amassos com o cara que paquerava antes.

 

Me senti uma boba.

Ele não me deu tempo pra pensar, me puxou de novo e voltou a me beijar, exploramos um ao outro,agora com ainda mais urgência.

Beijou meu ombro, meu pescoço, aspirou meu cheiro e falou:

— Gosto do seu perfume.

 

Já não sabia se ainda dançava, se respirava, só sabia que estava envolvida naquele momento.

Tudo foi intenso, possessivo.

Me perdi ali.

Hoje, decidi, vou ser só uma garota de 24 anos.

Vou viver o agora.

 

Tenho um senso de dever que não me larga.

Afasto aquele italiano lindo e digo:

— Vou só avisar que estou bem e viva.

 

Ele dá uma risada. Fiquei encantada. Ri também, dei de ombros, meio sem jeito.

Peguei o celular, mandei uma mensagem pra Júlia, e quando levantei os olhos vi ele sorrindo pra mim.

 

— Então agora você vai ser toda minha — disse, chegando mais perto.

 

Não me deu tempo pra pensar. Me puxou novamente e eu já não raciocinava mais.

Tudo sumiu da minha cabeça. Me entreguei àquele momento, àquele homem que eu nem sabia o nome.

Era um instante empolgante, gostoso e intenso. Me senti livre. Resolvi só viver o que estava acontecendo, sem pensar muito.

 

De repente, ele falou:

— Melhor irmos a um lugar onde possamos ficar à vontade. Mando avisar sua amiga.

 

Não consegui dizer não.

Estava com uma coragem que nunca senti. Fui com ele.

Antes de sairmos, falou algo com um segurança.

 

— Sua amiga está avisada — disse, com aquele olhar firme e calmo que me desmontava.

 

Meus pensamentos estavam confusos.

Minha mente me mandou voltar, mas meu corpo… meu corpo o seguia.