O pátio da Hacienda parecia um formigueiro no fim da tarde. Caminhões alinhados, barris empilhados, trabalhadores se movendo com pressa para terminar o turno antes que a noite caísse sobre o vale quente de Jalisco. O som dos motores, o arrastar de correntes e o cheiro forte de madeira saturada de álcool criavam um caos organizado.
Camila caminhava ao lado de Rafael, tentando parecer indiferente à proximidade dele. Era quase um trabalho físico manter a respiração sob controle, porque a presença dele tinha um efeito que ela odiava admitir. Um calor espesso, um tipo de gravidade particular que puxava o corpo dela na direção errada.
Os dois pararam diante do caminhão recém-chegado. O motorista abriu a lona, revelando dezenas de barris escuros, marcados com o símbolo dos Villalba. Rafael se aproximou, passou a mão pela madeira e conferiu a umidade do aro metálico com precisão de quem entende mais de barris do que muitos mestres destiladores.
— Este lote é antigo — ele disse. — Deve ser ver