Camila saiu do depósito com o bloco preso contra o peito por baixo do jaleco. A respiração ainda estava irregular, como se o corpo não tivesse entendido que o toque de Rafael terminara. Não era apenas o toque. Era a forma como ele aproximava o rosto, como segurava o queixo dela, como falava baixo e deixava claro que estava farejando algo que ela não podia permitir que fosse descoberto.
Ela atravessou o pátio com passos firmes, tentando recuperar o controle. O sol estava descendo, pintando o vale de tons laranja e dourado, e a Hacienda parecia ainda mais imponente sob aquela luz. O barulho de máquinas e vozes carregava um ritmo acelerado, típico do fim do turno, mas Camila sentia tudo distante. A mente estava ocupada demais com Rafael.
Ele tinha visto o bloco.
Ele sabia que havia algo errado.
E Rafael Villalba não era o tipo de homem que deixava um detalhe escapar.
Ela entrou no laboratório para terminar as últimas medições, mas a atenção estava fragmentada. Cada sensor analisado, cada