A noite descia sobre o Vale de Jalisco com aquela lentidão quente que deixava o ar pesado e vibrante, enquanto o pátio da Hacienda diminuía o ritmo aos poucos, embora ainda houvesse trabalhadores fechando registros, empilhando caixas e apagando luzes dispersas. O cheiro de madeira saturada de álcool e de agave recém-cozido permanecia no ambiente como uma cortina perfumada, e Camila caminhou por entre os corredores com passos firmes, tentando se concentrar apenas na sensação do chão sob os pés, como se isso fosse suficiente para afastar da mente a lembrança do toque de Rafael segurando seu queixo algumas horas antes.Era inútil.O corpo reagia antes da razão, e isso a irritava profundamente.Quando alcançou o alojamento, trancou a porta por dentro, apoiou a testa na madeira e respirou fundo, tentando recuperar uma estabilidade que parecia escapar por entre os dedos desde o momento em que Rafael notara o bloco de notas. Entrou no quarto pequeno, tirou o jaleco e deixou-o cair sobre a ca
Leer más