Os dias na segunda Casa Raízes corriam num compasso suave, quase ritualístico. Não havia pressa; cada manhã parecia alongar-se como se o tempo quisesse ser saboreado. Clara chegava cedo, trazida por Miguel, e ficava sentada na varanda, envolta em mantas, observando. Via o portão abrir e fechar inúmeras vezes, recebendo mulheres com sacolas pequenas, meninos agarrados às saias das mães, adolescentes de olhos desconfiados. Cada entrada era um sopro novo que fazia a Casa respirar mais fundo.
Júlia já havia organizado um cronograma de aulas e oficinas. O refeitório transformara-se em sala de aula improvisada: mesas repletas de cadernos, lápis gastos, cartolinas coloridas. Às vezes, o barulho era quase ensurdecedor — vozes misturadas, risadas altas, crianças correndo. Mas, para Clara, era música. Música que falava de vida, de continuidade.
Luana, por sua vez, tornava-se cada vez mais uma referência. As adolescentes a seguiam, confiavam nela, testavam seus limites. Houve dias em que Bianca