Cinco anos haviam se passado desde o dia em que o sol dourou o corpo sereno de Clara Monteiro na varanda da Casa Raízes.
Cinco anos desde que o vento pareceu levar, junto à última respiração dela, o perfume das flores recém-plantadas no jardim.
A Casa mudara. Crescera. Espalhara filiais por outras cidades. Agora havia três unidades oficiais e uma quarta em fase de construção. As paredes continuavam pintadas de azul e verde, mas os tons eram mais vivos — reflexo da vida que pulsava ali.
E, no portão, a placa permanecia firme:
“Podem nos atacar. Mas nós sempre voltamos.”
Abaixo dela, uma caixa de vidro abrigava o caderno de Clara. As páginas amarelavam com o tempo, mas suas palavras pareciam ainda frescas. Voluntárias novas o liam com reverência, adolescentes faziam filas para tocar o vidro, e muitas diziam sentir como se a voz dela ainda ecoasse pelas paredes.
Júlia, agora com os cabelos curtos e os olhos mais maduros, coordenava a Casa com a firmeza de quem aprendera a conciliar autor