Os meses seguintes foram de abundância. A Casa Raízes florescia com uma força que Clara jamais havia imaginado. Novos projetos, parcerias, doações, voluntárias vindas de outras cidades. O portão — agora símbolo de resistência e renascimento — se tornara um ponto de visita obrigatória. Pessoas deixavam flores aos pés dele, bilhetes de gratidão, desenhos infantis.
Mas o que mais impressionava Clara não era o tamanho que a Casa alcançara — e sim o fato de que, mesmo crescendo, ela ainda mantinha a essência. As risadas das meninas enchiam o ar, as rodas de conversa se multiplicavam, o cheiro do pão fresco saindo do forno ainda era o mesmo. Aquele lugar não perdera a alma.
Na manhã de um sábado, Clara caminhava lentamente pelo corredor principal, apoiada na bengala que agora usava de vez em quando. O corpo cobrava o preço dos anos de luta, e ela não se negava mais a ouvi-lo.
Ao chegar à varanda, encontrou Luana e Teresa organizando uma pilha de livros.
— Estão se preparando para a oficina?