Os dias que se seguiram ao ataque foram de reconstrução, mas também de esgotamento. Clara sentia que o corpo obedecia por hábito, não por força. A alma, embora serena por fora, guardava um cansaço silencioso. Miguel percebia cada sombra sob os olhos dela, cada pausa longa demais antes de uma resposta.
— Você precisa respirar longe daqui por alguns dias — disse ele, numa manhã em que o sol mal havia nascido. — Só um pouco de distância.
— E deixar tudo assim, no meio da reconstrução? — perguntou ela, sem convicção.
— Júlia está mais do que preparada. Luana também. A Casa não vai ruir porque você saiu por uma semana. — Miguel segurou-lhe o rosto com ternura. — E se ruísse, você não teria forças para reerguê-la agora.
Clara sabia que ele tinha razão. A verdade doía porque vinha da preocupação genuína. E assim, após alguma resistência, aceitou.
Foram para um vilarejo nas montanhas, a poucas horas da cidade. O caminho era sinuoso, cercado por árvores altas e rios que corriam ao lado da estr