O amanhecer chegou preguiçoso, tingindo de dourado as cortinas pesadas da mansão. Para Rose, no entanto, a luz parecia uma afronta: cada raio lembrava que a noite tinha sido uma batalha contra fantasmas. O corpo se ergueu da cama por disciplina, não por descanso.
No espelho do banheiro, ela viu as marcas da madrugada. Olhos inchados, olheiras discretas, mas ainda assim visíveis. Passou água fria no rosto, respirou fundo e repetiu a rotina que era sua muralha: prender o cabelo em um coque firme, vestir roupas neutras e funcionais, erguer os ombros como quem veste armadura. Ninguém precisava saber o que havia acontecido atrás da porta fechada.
Ao descer as escadas, o aroma de café fresco a envolveu. Maria já estava na cozinha, cantarolando uma música antiga enquanto arrumava a mesa com pão quente, frutas e sucos. Rose agradeceu em silêncio, mas não tinha fome; precisava de café e de silêncio.
— Bom dia. — disse, seca, puxando uma cadeira.
O jornal estava dobrado sobre a mesa. Rose o abr