O relógio marcava quase o fim da tarde quando Rose entrou na academia da mansão. O ambiente cheirava a couro e suor, as paredes refletindo o som abafado dos passos sobre o piso emborrachado. Para ela, aquele espaço sempre fora um refúgio: ali não havia lembranças nem promessas quebradas, apenas disciplina.
Mas Pedro já estava lá.
Vestia calça de treino e camiseta escura colada ao corpo, os cabelos úmidos denunciando o banho rápido depois do expediente. Segurava as bandagens nas mãos, mas não fazia questão de esconder que só esperava por ela.
— Pensei que fosse fugir hoje. — disse, arqueando uma sobrancelha com o habitual ar de provocação.
Rose respirou fundo, ignorando o sorriso dele. — Eu não fujo. Só cheguei atrasada.
— Ótimo. — Pedro estendeu as mãos com uma ousadia quase infantil. — Então me mostra do que é capaz.
Rose ergueu uma sobrancelha, ajeitando as luvas de treino. — Já mostrei o bastante.
— Não para mim. — Ele sorriu, e havia fogo no olhar. — Ainda não.
Rose não respondeu.