A casa tinha o mesmo endereço, mas já não era a mesma.
As paredes haviam trocado o branco pelo tom quente da vida, e os jardins, antes cuidadosos demais, agora eram selvas pequenas — cheias de risadas, vozes e lembranças.
Era o fim de tarde de um sábado dourado, e a mansão Nascer respirava festa.
Luzes penduradas entre as árvores piscavam preguiçosas, o vento carregava o cheiro de bolo e música, e o portão se abria e fechava sem parar.
Quinze anos tinham se passado desde o dia em que dois corações pequenos mudaram o som da casa para sempre.
Rose estava diante do espelho do quarto, ajeitando um colar fino no pescoço.
O reflexo devolvia uma mulher madura, de olhos calmos e sorriso tranquilo, mas ainda com aquele brilho de quem sobreviveu a tudo.
O vestido era simples, de seda azul-acinzentada, e o cabelo, preso num coque solto, deixava algumas mechas caírem pelo rosto.
— Mãe, você tá pronta? — a voz veio do corredor, firme, com timbre que misturava os dois pais.
Rose se virou.
Na porta,