O tempo parecia andar de mãos dadas com a barriga de Rose: quanto mais ela crescia, mais o mundo desacelerava.
A casa estava em ritmo de espera — cada móvel tinha sido empurrado, cada almofada trocada de lugar, e cada ruído era analisado por Pedro como se fosse um alerta de segurança.
Naquele fim de tarde, o sol dourava o jardim, e a mansão cheirava a bolo de fubá e expectativa.
Rose estava no sofá, pés apoiados numa almofada e um livro aberto no colo, fingindo ler.
Na verdade, ela observava Pedro andando pela sala com uma lista nas mãos, conferindo cada detalhe pela quarta vez.
— O berço já tá montado? — perguntou ele, sem tirar os olhos do papel.
— Sim. — respondeu Rose, paciente.
— E o kit de primeiros socorros?
— Tá na gaveta da cômoda.
— E as malas da maternidade?
— Feitas. Duas vezes.
— E os números de emergência?
— Colados na geladeira, no espelho e na tua testa, se continuar me perguntando.
Pedro parou, fingindo indignação. — Olha a braveza, senhora Nascer.
— Não é braveza, é