Louise Montserrat é uma herdeira mimada, acostumada ao luxo e à vida fácil. Quando o pai decide castigá-la enviando-a para uma de suas fazendas no interior de Goiás, ela jura que será seu pior pesadelo. Mas o destino — e um certo peão de olhos azuis — têm outros planos. Entre brigas, provocações e um amor que ela nunca imaginou viver, Louise vai descobrir que nem todo tesouro brilha… Alguns cheiram a terra, falam arrastado e sabem dançar ao som da viola
Ler maiscapítulo 01
A Princesa Montserrat O sol de Goiânia escorria pelas janelas imensas da mansão Montserrat, refletindo nos cristais e nos corredores dourados que anunciavam o início de mais uma festa. Mas não era uma festa qualquer. Hoje completava vinte anos Louise Montserrat, a única filha do milionário Orlando Montserrat, dono de um império agropecuário que carregava o peso da tradição e da fortuna. Louise, com seus cabelos ruivos naturais caindo em ondas até a cintura, estava acostumada a ser o centro das atenções. Criada entre viagens de jatinho particular para Miami, bolsas importadas e festas exclusivas, ela nunca imaginou que sua vida pudesse sair do roteiro que havia escrito para si mesma: luxo, diversão e, principalmente, liberdade. Sua mãe, Sther Montserrat, havia preparado uma celebração à altura da “princesa da casa”: jardins iluminados, orquestra, champanhes importados e convidados da alta sociedade goiana. Louise circulava pela festa como uma verdadeira estrela, sorridente, elegante, certa de que naquela noite ganharia o presente que vinha pedindo há meses: um novo carro de luxo. Mas entre brindes e elogios, Orlando Montserrat se aproximou, carregando em seus olhos a seriedade que contrastava com a leveza da festa. Ele pediu silêncio. A música cessou, e todos se viraram para ouvir o patriarca. — Hoje — disse ele, com a voz firme e solene — não comemoro apenas os vinte anos de minha filha. Hoje, trago para ela o maior presente que um pai pode dar: o futuro. Louise, já sorrindo, esperava ver as chaves reluzentes de um carro esportivo. Mas, em vez disso, viu um jovem alto, de terno impecável, aproximar-se ao lado do pai. —Fillipe Alcântara,filho do meu grande amigo e sócio dr Alcântara,quero que aceite a mão da minha princesa louise Meirelles em casamento. o jovem a olhou de cima abaixo animado com o pedaço suculento de carne jogado no seu espero. As risadas, o brilho das luzes, tudo perdeu cor. O estômago revirou, e a certeza de que nada, jamais, a faria se render aos caprichos do pai tomou conta dela. Louise, com um único gesto, destruiu o clima da festa: arrancou o próprio salto, atirou a taça de champanhe no chão e deixou todos os olhares boquiabertos. — O que você pensa que eu sou?um objeto que o senhor pode doar pra caridade quando não quiser mais? não caso com esse ai,nem morta. Deixou seu pai ali junto a Fillipi,boquiaberto sem acreditar na petulância da propria filha,e saiu determinada. A noite ainda era jovem, e Louise sabia exatamente como se vingar da tentativa de aprisioná-la: pegou o iate e partiu para continuar a festa com seus amigos. Sem pensar no amanhã. Sem nunca pensar no amanhã O mar refletia a lua como um espelho prateado. No convés do iate, a música alta misturava-se com as gargalhadas dos amigos de Louise. Garrafas de champanhe abertas, copos pela metade, selfies espalhadas como provas da noite perfeita. Louise, entretanto, estava diferente. Já havia bebido mais do que deveria. Sentia o calor do álcool percorrer-lhe o corpo e a voz sair trêmula, como se estivesse prestes a desmoronar. Encostada no corrimão, com os olhos marejados, chamou pela melhor amiga. — Brad— disse, quase tropeçando nas palavras. — Meu pai me odeia,ele nunca me amou,me odeia por não ser o filho homem que tanto desejou,e é por esse motivo que quer a todo custo me castigar cruelmente brad a segurou pelo braço, preocupada. — Louise, você está passando do ponto... vamos sentar. Se jogaram em uma espreguiçadeira, e Louise, com o copo ainda na mão, começou a falar sem freio. — Ele nunca quis uma filha... nunca! — murmurou, mordendo os lábios. — Eu podia nascer perfeita, podia nascer com a cara da mamãe, com os olhos dele... mas não! O que ele queria era um herdeiro. Um homem pra cuidar do império dele. As lágrimas escorriam, borrando a maquiagem impecável. — Eu nunca vou ser suficiente pra ele, Brad. Nunca. Pra ele eu sou só... uma menina bonita pra enfeitar. Uma moeda de troca. — a voz embargou ainda mais. — Hoje, no meu aniversário, ele me vendeu como se eu fosse um negócio! brad a abraçou forte. — Você é muito mais do que isso, Louise. Você é incrível. E se ele não enxerga isso, azar o dele. Por alguns segundos, Louise respirou fundo. O peso da verdade lhe rasgava o peito, mas, no calor do álcool, deixou escapar um sorriso frágil. As duas se olharam e, num pacto silencioso, decidiram que aquela noite não seria de lágrimas. Riram juntas, ergueram os copos e dançaram sob as estrelas, como se nada mais importasse. Mas a manhã seguinte chegou como uma sentença.capítulo 9Brad acordou reclamando da cabeça pesada, mas o bom humor continuava firme.— Lolla,falou que a festa acabou pela madrugada quando henrique e tiao sairam para fazer o partos dos gemeos,os bezerrinhos que nasceram! —vamos dar boas vindas,se ajeita. gritou, animado, enquanto penteava o cabelo com os dedos.— Eu hein, que empolgação é essa? — Louise perguntou, enrolada no lençol, ainda sonolenta.— É vida, mulher! Dois bezerros nascidos hoje cedo! — respondeu ele, batendo palmas. — Vamos lá!— Eu não gosto de bicho. — respondeu Louise, seca.— E do domo de um de olhos verdes que meche com bichos e ta la nesse momento? Brad provocou, com aquele sorriso debochado.Louise ergueu a sobrancelha, fingindo não se importar.— Vai sozinho, vaqueiro de faz de conta.Mas, depois de dez minutos ouvindo Brad implorar, Louise bufou e cedeu.— Tá bom, mas só pra ver o tamanho da desgraça.---Sairam as duas,brad com seu conjunto rosa e um chapeu,o loook de louise como sempre,gucci.chegando a
capítulo 08 O Dia desponta novamente na fazenda Montserrat.O cantar do galo cortava o silêncio, e Brad, enrolado no lençol cor-de-rosa que trouxera de casa, gemia ao lado de Luna. — Ai, minha cabeça… — resmungou, escondendo o rosto no travesseiro. — Esse tal de quentão devia vir com bula, menina. Louise, sentada diante do espelho, passava o pente com raiva pelos cabelos molhados. — Quem mandou se enturmar com aqueles roceiros? — Roceiros? Amor, eram uns deuses suados de calça apertada! — Brad suspirou, teatral. — Até aquele bruto do Tião se me olhasse por mais três segundos, eu jurava que ia ser arrebatado pelo Espírito Santo. Louise soltou um riso contido, mas o sorriso logo sumiu quando lembrou da cena da noite anterior — Henrique e Rosinha, o beijo, o olhar frio. A expressão dela fechou. — E o tal do Henrique? — perguntou Brad, observando-a de lado. — Aquilo sim é homem de tirar o fôlego. Aposto que você sonhou com ele. — Sonhei é com a peste, Brad. — rebateu. — Aquele tip
capítulo 7 O barulho da viola, as risadas e o cheiro de fumaça já estavam deixando Louise tonta. Ela se levantou, ajeitando a bolsa de marca no ombro e foi até a parte lateral da casa em busca do banheiro improvisado que Lola havia preparado pros convidados. Lá dentro, a luz fraca de uma lamparina balançava e uma moça ajeitava o cabelo diante do espelho rachado. Vestido florido, pele dourada de sol e uma flor vermelha presa ao coque. -Meu Deus,que decadência. -oi,louise disse seca. A moça virou o rosto e sorriu, simpática demais pra ser verdadeira. — Boa noite. Cê é a filha do patrão, né? A moça da cidade grande? esta gostando da roça? Louise ergueu o queixo. — sim e não! A moça deu um risinho curto. — Conhece o Henrique? Louise arqueou a sobrancelha. — Não,e sinceramente nem quero. —Ah,que bom,ate porque ele tem dona.respondeu firme, olhando-a de cima a baixo. — E, sinceramente, acho que ocê num combina com esse lugar. Louise cruzou os braços, sorrindo de canto. — E el
capítulo 6 A fogueira já ardia forte quando Brad convenceu Louise a sair. O som da viola vinha de longe, misturado a risadas e cheiro de carne assando no ar. A casinha de Lola ficava a poucos metros, iluminada por lampiões e pelo brilho do fogo que dançava no meio do terreiro. — Vamos logo, Louise! — insistia Brad, quase pulando de empolgação. — Eu sinto que vai ser uma noite tudo! — Brad, isso aqui é o fim do mundo. — ela resmungou, puxando a barra da calça justa. — Me diz que não tô indo pra uma festa de verdade vestida assim. — Tá perfeita, amor. Só parece que vai desfilar no shopping em vez de ir pra roça, mas quem se importa? Louise revirou os olhos e respirou fundo. O chão de terra vermelha manchava o salto dela a cada passo. Quando atravessou o portão, todas as conversas diminuíram. O som da viola pareceu até sumir por um instante. Os olhares se viraram. As moças cochicharam entre si. Os homens pararam de rir. E Lola, que servia copos de quentão, quase deixo
capítulo 5 O sol do meio-dia iluminava a cozinha da fazenda. O cheiro de alho dourando no óleo se espalhava pelo ar, misturado ao aroma fresco das ervas que Lola picava com calma no balcão de madeira. Bred, empolgado como uma criança em excursão, já estava com um avental florido amarrado na cintura. — Venha, Louise, corte essa moranga aqui pra gente! — disse, colocando uma faca na frente da prima. — Vamos ajudar Lola a preparar o almoço, vai ser divertido! Louise olhou para ele como se tivesse ouvido a maior heresia do mundo. — Credo, Bred! Eu? Cortar moranga? — fez uma careta, afastando a faca com nojo. -Achei que tinha vindo ate aqui para me dar atenção — E eu vim,agora desfaça essa sua cara azeda! — respondeu ele, rindo. — Trabalhar com comida é terapêutico, menina. Louise bufou e se jogou em uma cadeira, cruzando os braços. De lá, observava o primo animado conversando com Lola, como se fossem velhos amigos. — Ai, Lola, você cozinha como se fosse uma rainha! — el
capítulo 4 Os dias arrastavam-se como uma tortura para Louise. Cada manhã parecia igual à anterior: o canto dos galos, o cheiro de café forte vindo da cozinha a poeira que insistia em sujar seus sapatos importados e seu pai que permanecia inegociável. Entediada, ela passava horas no quarto, rolando pelo celular — até perceber que as horas de internet estavam contadas e que nada, absolutamente nada, conseguia aliviar a sensação de prisão. Lola, como sempre, a tratava bem. Corria atrás de cada exigência, mesmo recebendo olhares de desdém e palavras duras. Nunca retrucava, nunca levava para o coração. Ao contrário: sorria, cantava baixinho e fazia com que a casa sempre tivesse o calor de um lar. Louise, porém, não suportava mais. Pegou o celular e começou a escrever para a mãe, usando o tom que sempre funcionara: "Mamãe, eu não aguento mais esse fim de mundo. Me tira daqui, eu imploro. Se você me ama, não me deixe sofrer assim. Preciso de roupas novas, preciso do shopping, prec
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