O barulho no corredor os fez se sobressaltar. Ambos voltaram o rosto e encontraram Clarice parada, com uma bandeja nas mãos. O choque no rosto dela era evidente, as bochechas levemente coradas, como se tivesse acabado de invadir uma intimidade proibida. Uma das taças escorregara e quebrara no chão, espalhando cacos e vinho no tapete.
— Isa… — a voz da governanta saiu trêmula. — Eu… peço desculpas, não ouvi nada.
Isadora estreitou os olhos, recobrando o controle de si mesma com a rapidez de sempre.
— Está tudo bem, Clari. — disse sorrindo gentilmente. — Apenas limpe isso e pode se retirar.
— Sim, vou fazer isso, menina. — Clarice se abaixou apressada, recolhendo os cacos com cuidado, evitando olhar para os dois. O silêncio constrangido durou mais alguns segundos até que a bandeja estivesse arrumada e ela sumisse pelo corredor.
Assim que ficaram sozinhos novamente, Isadora girou nos calcanhares e encarou Henrique com uma fúria renovada.
— Está satisfeito? — perguntou, encarando-o ameaça