Os três dias seguintes em Paris pareceram correr num compasso diferente. Não houve brigas, nem provocações exageradas, nem silêncios prolongados. Era como se, por algum acordo tácito, Isadora e Henrique tivessem decidido deixar a convivência mais leve. Ela ainda se mantinha cautelosa, ele ainda tinha aquele charme despretensioso, mas algo se ajeitava entre os dois, como peças que começavam a se encaixar quase sem perceberem.
Naquela manhã, o quarto estava iluminado pelo sol que atravessava as cortinas semiabertas. O cheiro suave de lençóis limpos misturava-se ao perfume de Isadora, que estava sentada na cama, com o celular em mãos. Henrique se inclinou sobre ela, roubando um beijo rápido e inesperado em seus lábios antes de se afastar com um sorriso satisfeito.
— Vou trazer o almoço. — anunciou.
Isadora, concentrada na tela, ergueu os olhos apenas por um instante.
— Está bem. — murmurou, voltando a digitar.
Henrique observou de relance, curioso.
— Com quem fala tanto?
— Com o Israel.