Narrado por Zalea Baranov
O silêncio veio depois do grito.
Um silêncio espesso, quase sólido, que se arrastava pelas paredes de concreto como um véu de luto.
Eu sentia a garganta queimar, mas não era pela dor física — era pelo que ficou preso entre os dentes. As palavras. Aquelas palavras. As que joguei contra ele como punhais, com sangue nos olhos e fogo no peito.
Zaiden havia saído. A porta fechada atrás dele era como o túmulo onde eu estava viva.
Meus braços ainda tremiam presos nas tiras, meu corpo nu sob o vestido sujo e rasgado da tortura. Os seios ardiam, minha pele estava marcada por pequenos cortes, e meus pulsos… eles já não sentiam mais nada.
Mas eu me recusei a desabar.
Fiquei ali. Em silêncio.
Ouvindo os próprios pensamentos pingarem lentamente nas paredes da minha mente como gotas de sangue em pedra fria.
Ele achava que podia me possuir com dor.
Que podia me quebrar com medo.
Mas Zaiden se esquecia de uma coisa…
Eu já havia sido partida antes.
Por mãos mais cruéis. Por o