Beatrice era a herdeira de uma das famílias mais influentes do país. Abriu mão de sua fortuna por amor e ajudou o marido a construir um império. Mas seis anos após o casamento, ele a traiu, humilhou e a descartou como se fosse nada. Despedaçada, Beatrice foi ao fundo do poço e de lá, renasceu. No exterior, ela ergueu um império ainda maior, mais forte e totalmente seu. Agora, de volta ao país, Beatrice está decidida a recuperar tudo o que perdeu e destruir quem ousou zombar do amor que ela deu. Mas em meio à vingança, um novo homem pode desafiar suas certezas e fazer seu coração bater novamente.
Ler maisO fim do expediente chegou como um sussurro cansado. Depois de um dia repleto de reuniões, ajustes estratégicos, e-mails infinitos e um relatório de 67 páginas que precisei revisar pessoalmente, tudo o que eu queria era um banho quente, silêncio absoluto e talvez um pouco de jazz instrumental para suavizar as bordas ásperas do dia.Estava no carro, com o salto já abandonado no chão do banco de trás e os pés descalços, observando a cidade pela janela. As luzes noturnas pareciam mais agressivas do que belas, e meu corpo doía da postura rígida que mantive o dia inteiro.Foi então que o celular vibrou no painel. A tela iluminou o nome dele.Dante Morelli.Olhei para o número por alguns segundos. Pensei em não atender. Mas, como tudo que envolvia Dante, havia uma parte de mim teimosa, curiosa ou apenas cansada de resistir que sempre cedia um pouco mais do que gostaria.— Boa noite — atendi, mantendo o tom neutro.— Boa noite, Beatrice — ele disse com aquela voz baixa, quase arrastada, com
A mensagem ainda ecoava, não pela ameaça direta porque não era uma, mas pelo subtexto que carregava. "Tem certeza que quer continuar com isso?Não dizia “pare”, nem “cuidado”. Dizia “certeza”. Como se quem a escreveu soubesse exatamente o que estava em jogo. E o que eu podia perder.Estávamos no carro, voltando para casa. Elisa, sempre atenta, não pressionou. Apenas me olhava com aquela expressão de quem não sabe se pergunta ou se apenas permanece ao lado. E, no fundo, eu apreciava isso nela. A lealdade silenciosa.Chegamos. Entrei direto e fui para o meu quarto. Troquei o vestido por um moletom antigo que usava quando era mais nova, uma espécie de armadura de conforto e prendi o cabelo num coque frouxo. Só então peguei o celular de novo e encarei a tela.A mensagem continuava ali, fixa como uma faísca prestes a incendiar pensamentos perigosos.Respirei fundo, destravei o aparelho e encaminhei o número para Ângelo com uma única instrução:"Rastreie. Quero saber quem mandou e de onde v
O dia seguinte amanheceu com uma luz macia atravessando as cortinas do meu quarto. Por um segundo, antes de abrir os olhos, pensei que ainda estava presa ao sonho da noite anterior. Mas então senti o cheiro de café fresco vindo da cozinha. E lembrei.Dante Morelli havia estado na minha casa.Não houve beijos, nem promessas, tampouco juras. Mas houve algo muito mais raro: vulnerabilidade compartilhada. Aquele tipo de conexão que se constrói nas entrelinhas, no silêncio entre um gole de vinho e uma lembrança de infância. Algo novo, assustadoramente leve, mas com o potencial de virar tempestade.Desci as escadas ainda de camisola de seda, pés descalços, cabelos soltos e com aquela estranha sensação de paz inquieta. Jarbas me aguardava na cozinha com sua expressão estóica, mas havia um envelope branco sobre o balcão. Ao lado dele, um buquê de tulipas brancas.— Isso foi entregue bem cedo, senhora Marchesi — disse ele, recuando como quem sabia que algo pessoal acabara de acontecer.Abri o
Assim que deixei o prédio do Grupo D’Ambrosio, respirei o ar quente da cidade como quem prova pela primeira vez a liberdade. Mas não era liberdade o que eu sentia era responsabilidade. Agora, mais do que nunca.O motorista já me esperava com a porta aberta, e apenas assenti. Nenhuma palavra foi dita durante o trajeto até a Phoenix. Por fora, eu mantinha a compostura intacta. Por dentro, minha mente girava como um tabuleiro de xadrez finalmente sob meu domínio.Ao chegar à empresa, o som dos meus saltos ecoou pelo saguão como um alerta. Os olhares se voltaram para mim, mas havia algo novo neles: respeito. Curiosidade. Eu não era apenas a CEO da Phoenix. Era também a nova presidente do império D’Ambrosio.— Boa tarde, senhora Marchesi — disse o recepcionista com um sorriso admirado.Respondi com um aceno cordial e segui para o elevador. Assim que entrei na minha sala, Elisa apareceu com uma xícara de café.— Obrigada, Elisa. Está sempre um passo à frente.— Sempre que você precisa — res
Sentada à mesa longa de mogno escuro, observei cada rosto ao meu redor com a precisão de quem aprendeu a ler intenções antes mesmo das palavras serem ditas. O salão de reuniões do Grupo D’Ambrosio, outrora meu campo de guerra, hoje se tornava meu palco. Mas eu não estava ali para atuar. Estava ali para reivindicar o que era meu não por direito herdado, mas por mérito, sangue e sobrevivência.O ar estava carregado, como antes de uma tempestade. Era possível sentir os olhares dançando entre mim e Leonardo, tentando decifrar quem cairia primeiro. Ele, com sua postura relaxada e o sorrisinho ensaiado, mantinha a máscara de segurança que conhecia bem demais. Mas por dentro… ah, eu sabia. Ele estava inquieto.— Como eu estava dizendo — retomou Leonardo, apoiando uma das mãos na mesa como se quisesse firmar território — a Nexus está disposta a investir uma soma significativa para revitalizar os setores estagnados do grupo. Tenho aqui projeções baseadas em dados reais, que demonstram o quanto
— E você, Bea... como se sente com tudo isso? — perguntou Lívia, baixando a taça pela metade e me olhando com aquela sinceridade sem floreios que só ela sabia ter.Fiquei em silêncio por alguns segundos. O tipo de pergunta que atravessa o peito como uma lança não se responde com pressa. Respirei fundo, os olhos perdidos no teto do quarto, sentindo o peso daquela verdade silenciosa que ainda não tinha verbalizado nem para mim mesma.— Eu... — comecei, ajeitando o corpo no travesseiro — não gostaria de perdê-la. Já perdi meu pai, e aquilo me levou para um lugar escuro por tempo demais. Achei que não sobreviveria. Agora, saber que posso perder minha mãe... mesmo depois de tudo que vivemos, de tudo o que ela me causou... dói.Lívia não disse nada. Apenas se aproximou e me puxou para um abraço apertado, firme, sem dizer uma palavra. E naquele gesto simples, desabei. Não chorei, não me descompus. Mas senti o nó se desfazendo um pouco. Porque era isso que a dor fazia: se acumulava em silênci
Último capítulo