Beatrice era a herdeira de uma das famílias mais influentes do país. Abriu mão de sua fortuna por amor e ajudou o marido a construir um império. Mas seis anos após o casamento, ele a traiu, humilhou e a descartou como se fosse nada. Despedaçada, Beatrice foi ao fundo do poço e de lá, renasceu. No exterior, ela ergueu um império ainda maior, mais forte e totalmente seu. Agora, de volta ao país, Beatrice está decidida a recuperar tudo o que perdeu e destruir quem ousou zombar do amor que ela deu. Mas em meio à vingança, um novo homem pode desafiar suas certezas e fazer seu coração bater novamente.
Ler maisBeatrice MarchesiUm ano depois.Quando penso em tudo o que vivi, ainda me pergunto como consegui chegar até aqui. O sequestro, a dor, o medo que por vezes ainda me visita em sonhos, a perda que parecia insuportável... e, ao mesmo tempo, o amor que nasceu em meio ao caos, tão inesperado quanto necessário. Um amor que se tornou minha força.Leonardo foi embora. Lembro da última conversa que tivemos, havia cansaço em seu rosto, como se a vida tivesse lhe cobrado mais do que ele podia pagar. Ele me pediu perdão. Não apagou o que fez, mas pela primeira vez, senti sinceridade em suas palavras. Contou-me que descobriu que a menina que criava não era sua filha de sangue, e por um instante temi que aquilo o fizesse desistir dela. Mas ele apenas sorriu, triste e resignado:— O sangue não me importa, Beatrice. Ela é minha filha. Sempre será.E partiu com ela para outro estado. Vi o carro se afastando e senti como se uma parte dolorosa da minha história, finalmente, fosse encerrada. Uma página a
O portão enferrujado rangeu quando o empurrei com força, o som ecoando como um aviso em meio à escuridão sufocante do galpão. O cheiro de mofo, ferrugem e suor impregnava o ar, misturado ao som abafado das minhas próprias batidas cardíacas. A cada passo, eu sentia o peso da noite se fechar sobre mim. Marco estava logo atrás, com a arma em punho, os olhos atentos a cada canto. Nossos homens se espalharam em silêncio, cada um tomando posição.O feixe da lanterna cortou a escuridão, revelando o cenário que eu jamais esquecerei. Correntes pendiam do teto, algumas manchadas, outras apenas balançando com o vento que se infiltrava pelas janelas quebradas. Cadeiras viradas no chão, pedaços de corda, e no centro, como um golpe direto no meu peito: Beatrice.Ela estava ali, amarrada, os pulsos vermelhos pela pressão das cordas, o rosto marcado pelo cansaço. Seus olhos, grandes e cheios de dor, me encontraram no mesmo instante.— Dante… — a voz dela saiu fraca, quase um sussurro, mas foi suficie
O motor do carro rugia contra a madrugada silenciosa, como se cada giro fosse uma batida acelerada do meu coração. A estrada para San Pietro se estendia à minha frente, deserta, iluminada apenas pelos faróis. O céu estava carregado de nuvens, um manto pesado que parecia querer sufocar a noite.Marco ia ao meu lado, atento, o olhar fixo na tela do tablet que recebia informações em tempo real das equipes espalhadas pela região. — O galpão de San Pietro é o mais promissor — disse ele, a voz firme, mas cautelosa. — Estrutura antiga, câmeras quebradas, relatos de movimentação estranha nas últimas semanas. Mas não há certeza absoluta. — Não preciso de certeza. — Minha voz saiu cortante. — Preciso de Beatrice.Apertei o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. A imagem dela, molhada, tremendo, os olhos me implorando em silêncio, queimava em minha mente. Cada vez que fechava os olhos, revivia aquele instante, e a raiva voltava a latejar.Passamos pelo último posto da estrada. Meus home
Dante MorelliO toque do telefone cortou o silêncio da madrugada como uma lâmina. Eu estava na sala do meu escritório, a mesma que desde ontem parecia um cárcere voluntário. Mapas impressos, fotos e anotações cobriam a mesa e parte do chão. Não tinha dormido, não tinha comido. Desde que Beatrice desapareceu, cada segundo parecia uma ameaça.A tela do celular piscou com um número desconhecido. Atendi sem pensar.— Morelli.Silêncio. Depois, um clique seco. A tela mudou para uma imagem de vídeo. O coração disparou.Ela estava lá. Beatrice.Sentada no chão, roupas coladas ao corpo, cabelo molhado, a pele pálida demais. Mesmo na qualidade ruim do vídeo, pude ver que ela tremia. A luz era fraca, e atrás dela havia uma parede suja de concreto.— Beatrice… — murmurei, como se ela pudesse ouvir.Nenhuma palavra saiu de sua boca. Mas os olhos… havia algo neles. Raiva, medo, e algo mais. Algo que me chamava como um código silencioso. Eu conhecia cada expressão dela, e aquilo não era apenas dor.
Beatrice MarchesiA primeira sensação foi um corte gelado na pele. Não, não era uma lâmina… era água. Um balde inteiro despencou sobre mim, rasgando o torpor e arrancando um suspiro engasgado da minha garganta. O choque me fez estremecer violentamente; os dentes batiam sem controle. O ar parecia ter sumido e uma dor pulsante martelava nas minhas têmporas.Ofegante, forcei as pálpebras a se abrirem. Luz fraca. Cheiro acre de mofo e ferrugem. O chão era de concreto áspero e úmido, e minhas roupas colavam ao corpo, pesadas, encharcadas. Pisquei, tentando focar na figura à minha frente.Foi então que vi ela. — Você… — minha voz saiu trêmula, mas não de medo — … já deveria saber que era você.A silhueta feminina avançou, revelando-se sob a lâmpada pendurada que balançava levemente. O rosto, impecável, maquiado com precisão. Nenhum sinal de desconforto, como se aquele lugar não tivesse poder algum sobre ela. Os lábios se curvaram num sorriso lento, satisfeito.— Ah, querida… — disse Isad
O portão da mansão D’Ambrosio abriu antes mesmo que eu reduzisse a velocidade. Dois seguranças armados me aguardavam na entrada, e o brilho frio das lanternas refletia nos uniformes impecáveis. Assim que atravessei o pátio, percebi que havia movimento demais para aquela hora da noite. Carros estacionados de forma apressada, portas abertas, vozes rápidas trocando informações a casa parecia um centro de comando.Quando estacionei, Eleonora já estava na porta. Ela vestia um robe de seda preta sobre um vestido, o cabelo preso de forma apressada. Não havia maquiagem, mas seus olhos estavam afiados como lâminas.— Entre — disse ela, sem preâmbulos.O hall principal estava tomado por homens e mulheres que claramente não faziam parte da equipe doméstica habitual. Computadores portáteis abertos sobre a mesa de jantar, mapas digitais projetados na parede, conversas em voz baixa sobre coordenadas e tempo de deslocamento.— O que aconteceu? — Eleonora me encarou, cruzando os braços.Soltei o ar l
Último capítulo