Beatrice era a herdeira de uma das famílias mais influentes do país. Abriu mão de sua fortuna por amor e ajudou o marido a construir um império. Mas seis anos após o casamento, ele a traiu, humilhou e a descartou como se fosse nada. Despedaçada, Beatrice foi ao fundo do poço e de lá, renasceu. No exterior, ela ergueu um império ainda maior, mais forte e totalmente seu. Agora, de volta ao país, Beatrice está decidida a recuperar tudo o que perdeu e destruir quem ousou zombar do amor que ela deu. Mas em meio à vingança, um novo homem pode desafiar suas certezas e fazer seu coração bater novamente.
Ler maisLeonardo Vasconcellos Nunca pensei que veria o nome de Beatrice de novo estampado em tantas manchetes. E não apenas como uma empresária de sucesso. Mas como a mulher que venceu. Aquela que todos agora querem entrevistar, fechar negócio, copiar. A mulher que foi minha. Que me ajudou. E depois descartei.O amargor do café não era suficiente para engolir a náusea que aquela matéria do Valor Econômico me causou. "Phoenix Group, o império que surgiu das cinzas de um casamento". Fui retratado como um lixo por todos que leram.— Sr. Vasconcellos — chamou Luciana, minha assistente, da porta. — A reunião com os acionistas está prestes a começar.— Que esperem. — respondi seco. — Preciso terminar de ler isso.Voltei para o artigo. As palavras saltavam como punhais: inovação, expansão, liderança, Beatrice Marchesi. Cada vírgula uma provocação. Cada foto, um lembrete.Levantei e fui até a janela. Lá embaixo, a sede da Nexus parecia menor do que eu lembrava. Talvez porque, de fato, estivesse enco
O silêncio do meu escritório era quase absoluto, quebrado apenas pelo leve som do ventilador do notebook e pelo tilintar ocasional da minha caneca de café contra o vidro da mesa. À minha frente, o contrato enviado por Dante Morelli. As palavras dançavam na tela como se estivessem testando minha atenção. Cada cláusula era um convite e um desafio.Fechei os olhos por um momento, inspirando profundamente. O aroma do café recém-passado era forte, mas não o suficiente para abafar o zumbido de alerta em minha mente. A proposta era audaciosa. Uma fusão parcial entre a Phoenix e a Morelli International, focada em uma joint venture de tecnologia verde com investimento inicial de 200 milhões de euros. Em troca, eu teria acesso a mercados europeus e uma cadeira no conselho internacional. Poder puro.Mas também havia riscos. Cláusulas que exigiam exclusividade em determinadas áreas. Exposição da Phoenix a auditorias externas. Controle compartilhado em projetos futuros. Dante estava oferecendo uma
Os dias seguintes à festa de gala passaram com a rapidez de um relâmpago. Reuniões, imprensa, reuniões novamente. A Phoenix estava crescendo em uma velocidade assombrosa e isso não passou despercebido pelos concorrentes… nem pelos investidores.Mas entre todos os compromissos, o que realmente ocupava meus pensamentos era o cartão dourado repousando sobre minha mesa como uma tentação bem escrita: Dante Morelli.Elisa fez o trabalho que pedi com perfeição. O relatório sobre ele estava detalhado, quase cirúrgico. Formado em economia internacional por Oxford, fluente em cinco idiomas, herdeiro de uma das famílias mais antigas da Itália, mas com um talento nato para multiplicar o que herdava. Não apenas aumentou a fortuna da família, ele a redirecionou, investindo em setores inovadores e, ao mesmo tempo, em zonas de risco. O tipo de jogador que aposta alto e sempre ganha.Ainda assim, o que mais me chamou atenção foi sua capacidade de manter-se longe dos holofotes. Nada de escândalos. Nada
— O que você fez, Beatrice, exige respeito. Disso, não há dúvida. Vejo que está usando o sobrenome da família do seu pai. — Sim, pois foram os únicos que não me abandonaram quando precisei. Minha mãe me encarou por alguns instantes e eu sabia que havia atingindo um ponto fraco nela, ela se recompôs e sorriu. — Você escolheu seu próprio caminho, eu havia planejado um excelente casamento para você, mas você não quis. Largando tudo para ficar com um homem que te apunhalou pelas costas.— Fui apunhalada algumas vezes, mas graças aos meus próprios esforços reconquistei tudo que perdi. Por um breve instante, vi algo nos olhos dela. Não era surpresa. E não era raiva. Era… orgulho. Rápido. Disfarçado. Quase imperceptível. — Você escolheu um caminho difícil — ela murmurou, olhando para o salão ao nosso redor. — E está caminhando muito bem por ele. Mas cuidado, Beatrice. Há muitos que querem sua queda. E não são todos de fora.— Já aprendi a reconhecer predadores pela forma como escondem o
Sinto no ar, no peso sutil da luz que entra pela cortina translúcida, na forma como meu corpo reage ao toque do chão frio. Hoje à noite acontecerá a gala da Monteiro & Associados, e eu vou enfrentar, pela primeira vez desde meu retorno, todos os rostos que me viraram as costas… inclusive os da minha própria família.Minha mente está centrada. A Phoenix está avançando. Conquistamos o contrato mais importante dos últimos anos e agora somos pauta em colunas financeiras que antes me ignoravam solenemente. Mas, acima de tudo, essa noite é sobre presença. Sobre olhar no fundo dos olhos daqueles que apostaram na minha queda… e deixá-los sem reação.Durante o café da manhã, sentada à mesa com Elisa, passo os olhos na agenda da semana. Assinto com a cabeça, enquanto bebo meu café preto. Forte. Sem açúcar. Como eu. Elisa percebe meu silêncio e me observa.— Está pronta para a gala? — pergunta, com um leve sorriso.— Estou. — Pauso, pensando melhor. — Na verdade, nasci pronta. Só precisei me r
O dia foi uma verdadeira correria. Trabalhei na Phoenix e tive algumas reuniões, inclusive uma com representantes do governo de Minas, que estavam ansiosos para ver nosso projeto funcionando. Depois de uma manhã exaustiva, chamei Elisa e fomos ao shopping encontrar com Lívia. Assim que chegamos, a encontramos na entrada.— Vocês demoraram — ela reclamou, e eu revirei os olhos.— Estávamos trabalhando, Liv. Vamos logo encontrar um vestido para a minha grande estreia.Lívia sorriu animada e seguimos para uma loja de vestidos de grife. Minha amiga me mostrou alguns modelos, mas não gostei de nenhum. Depois da quinta loja, finalmente senti: o vestido estava lá, me esperando.Longo, preto como uma noite sem estrelas, com uma fenda ousada que subia até a coxa e um decote elegante que insinuava sem revelar demais. O tecido se moldava ao corpo como uma segunda pele. Quando saí do provador, Elisa colocou a mão na boca.— Beatrice... você está um absurdo! — exclamou.— Esse vestido grita “eu so
Último capítulo