Beatrice Marchesi
Um ano depois.
Quando penso em tudo o que vivi, ainda me pergunto como consegui chegar até aqui. O sequestro, a dor, o medo que por vezes ainda me visita em sonhos, a perda que parecia insuportável... e, ao mesmo tempo, o amor que nasceu em meio ao caos, tão inesperado quanto necessário. Um amor que se tornou minha força.
Leonardo foi embora. Lembro da última conversa que tivemos, havia cansaço em seu rosto, como se a vida tivesse lhe cobrado mais do que ele podia pagar. Ele me pediu perdão. Não apagou o que fez, mas pela primeira vez, senti sinceridade em suas palavras. Contou-me que descobriu que a menina que criava não era sua filha de sangue, e por um instante temi que aquilo o fizesse desistir dela. Mas ele apenas sorriu, triste e resignado:
— O sangue não me importa, Beatrice. Ela é minha filha. Sempre será.
E partiu com ela para outro estado. Vi o carro se afastando e senti como se uma parte dolorosa da minha história, finalmente, fosse encerrada. Uma página a