Beatrice Marchesi
A primeira sensação foi um corte gelado na pele.
Não, não era uma lâmina… era água. Um balde inteiro despencou sobre mim, rasgando o torpor e arrancando um suspiro engasgado da minha garganta. O choque me fez estremecer violentamente; os dentes batiam sem controle. O ar parecia ter sumido e uma dor pulsante martelava nas minhas têmporas.
Ofegante, forcei as pálpebras a se abrirem.
Luz fraca. Cheiro acre de mofo e ferrugem. O chão era de concreto áspero e úmido, e minhas roupas colavam ao corpo, pesadas, encharcadas. Pisquei, tentando focar na figura à minha frente.
Foi então que vi ela.
— Você… — minha voz saiu trêmula, mas não de medo — … já deveria saber que era você.
A silhueta feminina avançou, revelando-se sob a lâmpada pendurada que balançava levemente. O rosto, impecável, maquiado com precisão. Nenhum sinal de desconforto, como se aquele lugar não tivesse poder algum sobre ela. Os lábios se curvaram num sorriso lento, satisfeito.
— Ah, querida… — disse Isad