O portão enferrujado rangeu quando o empurrei com força, o som ecoando como um aviso em meio à escuridão sufocante do galpão. O cheiro de mofo, ferrugem e suor impregnava o ar, misturado ao som abafado das minhas próprias batidas cardíacas. A cada passo, eu sentia o peso da noite se fechar sobre mim. Marco estava logo atrás, com a arma em punho, os olhos atentos a cada canto. Nossos homens se espalharam em silêncio, cada um tomando posição.
O feixe da lanterna cortou a escuridão, revelando o cenário que eu jamais esquecerei. Correntes pendiam do teto, algumas manchadas, outras apenas balançando com o vento que se infiltrava pelas janelas quebradas. Cadeiras viradas no chão, pedaços de corda, e no centro, como um golpe direto no meu peito: Beatrice.
Ela estava ali, amarrada, os pulsos vermelhos pela pressão das cordas, o rosto marcado pelo cansaço. Seus olhos, grandes e cheios de dor, me encontraram no mesmo instante.
— Dante… — a voz dela saiu fraca, quase um sussurro, mas foi suficie