Quatro mulheres, quatro histórias entrelaçadas por um único homem que agora pertence ao passado. Quando ele morre repentinamente, deixa para trás a melhor amiga de infância, a ex-mulher em busca de recomeço, a esposa marcada por segredos e a jovem amante que foi seu refúgio proibido. Unidas pela ausência, cada uma precisa enfrentar suas próprias dores, desejos e segredos, embarcando em uma jornada de autodescoberta. Entre encontros inesperados, mistérios do passado e paixões que renascem, elas descobrirão que o verdadeiro amor pode estar onde menos se espera — inclusive dentro de si mesmas. Em meio a romance, drama e momentos de paixão, "Entre Sombras e Luzes" é uma história sobre recomeços, perdão e a força feminina diante das cicatrizes do amor.
Leer másLuana abanou a cabeça numa tentativa desesperada de se libertar do feitiço, mas foi inútil. Respirou fundo para controlar as emoções antes de falar.— Desculpe, com quem falo? — Luana perguntou, só para não deixá-lo mais à vontade do que já estava.— Lucas — ele respondeu, com a voz rouca e provocante.Parecia que Lucas era um enviado do destino para destruir seu autocontrole. Sua voz tinha o poder de desequilibrá-la, transformando-a num ser movido por emoções e desejos que jamais imaginara ter.— Posso saber como conseguiu meu número? — Luana questionou, aliviada ao perceber que sua voz não entregou seu estado.— Isso é segredo. Seria tolice entregar minhas fontes e trunfos ao adversário.— Me desculpe, mas não estou com paciência para gracinhas hoje — Luana respondou, um pouco irritada.— Dia difícil? Posso ajudar a melhorar seu humor, se você deixar.Mesmo as palavras ríspidas de Luana não quebravam o tom brincalhão de Lucas. Ela ficava mais irritada ao perceber que não conseguia m
Depois de todo o drama que envolveu a leitura do testamento de André, tudo o que Luana mais desejava era um pouco de paz. A conversa com Sheila, após a reunião, despertou emoções antigas e, a cada palavra trocada, parecia que as duas se aproximavam ainda mais. Era algo que nem Luana, nem Sheila poderiam prever ou sequer imaginar que um dia aconteceria. Mas ali estavam, partilhando mágoas, medos e fragilidades, como duas mulheres que finalmente se enxergavam iguais1.— Acho que já te roubei tempo demais. Devia deixar-te trabalhar — disse Sheila, endireitando-se na cadeira.— Honestamente, não tenho cabeça para mais nada. Esta reunião sugou toda a minha energia — respondeu Luana, com um sorriso cansado.Sheila soltou uma risada, logo acompanhada por Luana.— É a segunda vez que te vejo fugir do trabalho enquanto estou aqui. Começo a achar que sou uma péssima influência na tua vida — brincou Sheila, entre risos.— Talvez eu precise de uma má influência. Dizem que sou certinha demais. Ach
Luana olhou ao redor, surpresa com o impacto de sua voz, capaz de impor ordem instantaneamente. Talvez nem ela soubesse possuir tal poder, descobrindo-o naquele exato momento. Mas não havia tempo para contemplações. Precisava retomar o controle da situação.— O que está acontecendo aqui? André mal partiu e vocês já esqueceram o respeito mútuo? — sua voz soou firme, cortando o silêncio.— Luana, minha filha, ainda bem que chegaste. Precisavas ver o quanto foi humilhante ouvir a leitura desse testamento. Recuso-me a acreditar que André deixou a mãe de mãos vazias — lamentou uma das tias, a voz trêmula, prestes a desabar em lágrimas.— Tia Madalena, por favor. O que André poderia deixar à mãe, tendo uma família e um filho do casamento anterior? Ele nunca foi milionário, tia. Lutou a vida toda para dar o melhor à família.— Deu até demais. E essa aí nem merecia o que recebeu. Teve coragem de trair nosso filho — disparou a outra tia, o rosto tomado de indignação. — Essa mulher abocanhou tu
Sheila abriu os olhos, mas tudo o que desejava era voltar a dormir. Seus pesadelos só a visitavam quando estava acordada, especialmente nas manhãs. Naquele dia em particular, teria de reunir forças para enfrentar a família do falecido marido — as mesmas pessoas que a acusavam de tê-lo matado por interesse, de ter conspirado e até mesmo recorrido a forças sobrenaturais para executar o trabalho sujo.Soltou um longo suspiro, buscando dentro de si a coragem necessária para sobreviver a mais um dia. Luana havia lhe assegurado que tudo ficaria bem após a leitura do testamento, mas não era isso que a assustava. Aquela família tinha o dom de tirá-la do sério, de trazer à tona o seu pior lado. E hoje, mais do que nunca, ela precisava manter o controle.Levantou-se da cama e foi tomar banho. Ao procurar no guarda-roupa algo para vestir, sentiu novamente o peso do medo a assombrá-la. Felizmente, suas filhas não precisariam presenciar o triste espetáculo que ela já previa.Após longos minutos de
A porta do elevador finalmente se abriu e Luana não esperou nem um segundo. Saiu apressada, tropeçando nos próprios pés, sem sequer ter certeza se estava no andar certo. O alívio só veio quando reconheceu o tapete em frente à porta do seu apartamento. Seria um vexame sair correndo daquele jeito e ainda errar o andar. Caminhou rapidamente até a porta, ignorando o homem que prometera acompanhá-la. Naquele instante, torcia para que ele tivesse ficado no elevador e desaparecido.Parou em frente à porta, abriu a bolsa e começou a procurar a chave, mas o som de passos lentos pelo corredor fez seu coração acelerar. Olhou para o lado e, ao ver Lucas se aproximando, sentiu o tempo desacelerar. Ele caminhava com uma confiança quase perigosa, o sorriso de canto nos lábios e o olhar fixo nela. As calças jeans moldavam as pernas fortes, e a camisa branca, dobrada até os cotovelos, deixava à mostra braços torneados e bronzeados. A camisa, aberta no peito, revelava uma camiseta justa que delineava o
O dia passou tão rápido que Sheila e Luana só perceberam o quanto estavam entretidas quando um dos garçons se aproximou, com a típica expressão de quem já sonha com a cama, e avisou:— Minhas senhoras, o restaurante fechará em meia hora.— Oh, meu Deus! — exclamou Luana, soltando um riso que misturava surpresa e vinho. — Sinceras desculpas! Pode trazer a conta, por favor?O jovem garçom afastou-se imediatamente, quase tropeçando no próprio avental enquanto ia até o balcão. Sheila, então, puxou a bolsa e começou uma busca frenética, sacudindo o acessório como se estivesse tentando acordar um gênio adormecido.— O que você procura com tanto desespero? — perguntou Luana, rindo ainda mais alto, efeito colateral das horas regadas a álcool e confidências.— Às vezes acho que essa bolsa é um buraco negro portátil. Não sei porque carrego tanta coisa. Juro que já encontrei um controle remoto e um biscoito velho aqui dentro — respondeu Sheila, soltando um suspiro digno de novela mexicana.Rendi
Último capítulo