A estrada de terra até a casa de Paula era curta, mas Rafael sentia como se atravessasse quilômetros dentro de si. Havia evitado aquele momento por tempo demais. Mas depois de segurar o resultado do teste nas mãos e ver o rosto de Manu cheio de esperança ao falar em “irmão”, ele soube: não dava mais pra fugir.
Paula morava em uma casa simples, nos fundos de uma antiga estufa desativada. Quando Rafael chegou, ela já estava na varanda, sentada com uma xícara de chá na mão e o olhar perdido no nada. Era bonita, mas cansada. Como alguém que carregava mais do que conseguia.
— Achei que você não viria — disse ela, sem rodeios.
— Eu quase não vim — ele respondeu, direto.
Ela apontou para a cadeira ao lado.
— Pode sentar. Isso precisa sair de dentro da gente.
Rafael sentou. A brisa era morna, mas seu peito estava frio.
— É meu filho.
Paula assentiu, com os olhos brilhando.
— Eu sabia. Desde o dia em que descobri. Mas você sumiu. Se afastou do mundo. E eu também não quis forçar. Eu tinha vergo