A tarde estava morna e silenciosa. A chuva da noite anterior havia deixado o quintal com cheiro de terra molhada, e o jardim parecia mais vivo do que nunca. Lívia, deitada na espreguiçadeira, obedecia às ordens de repouso, mesmo com o coração inquieto de quem sempre esteve em movimento.
Manu brincava com um caderno de desenhos na sombra do ipê. Desenhava pessoas com mãos grandes e sorrisos largos, do jeitinho que crianças fazem quando enxergam o mundo com generosidade. A cada traço torto, ela olhava para a mãe e sorria, como se quisesse a aprovação que sabia que viria.
— Esse aqui é o papai Rafael — disse, apontando para um bonequinho de cabelo escuro e camiseta azul.
— Está idêntico — Lívia sorriu.
— E essa sou eu. E esse aqui é o bebê que tá na sua barriga. Coloquei ele no colo do papai porque ainda não sabe andar.
Lívia riu. A simplicidade de Manu aquecia como chá num dia frio.
— E quem é esse do lado? — perguntou, curiosa, ao ver outro bonequinho no desenho.
Manu f