O sol da manhã caía suave sobre o quintal da casa azul. O outono chegava com promessas de folhas secas, silêncios leves e ventos que pareciam embalar a alma. Lívia estava ajoelhada na terra fofa, os dedos mergulhados no barro ainda úmido da última chuva. À sua frente, pequenas mudas de flores coloridas esperavam para ganhar um canto no jardim que ela mesma vinha cultivando com paciência. Paciência era o que ela mais aprendera ali.
Dentro dela, o bebê se mexia com força. Os chutes vinham curtos, repetitivos. Era como se aquela sementinha humana também estivesse tentando encontrar um lugar para se enraizar. Lívia passou a mão pela barriga já crescida, com o cuidado de quem acaricia uma certeza.
— Ele está dançando, mamãe? — Manu perguntou, aproximando-se com a regadorinha azul nas mãos, pingando mais água em seus tênis do que nas plantas.
— Está, filha. Deve ter gostado da música do vento.
Manu riu e girou em volta da mãe como uma bailarina desengonçada. Sua alegria era contagiante. Aqu