O som da madeira sendo cortada preenchia o quintal com aquela musicalidade rústica que Rafael conhecia bem. As manhãs estavam mais claras, o ar cheirava a cimento fresco e esperança. A ampliação da casa havia começado há poucos dias, mas parecia que cada martelada carregava um pedaço do que estavam se tornando juntos.
— Vai ter uma janela bem grande aqui, ó — dizia Rafael, apontando o local — Quero que o sol entre logo cedo no quarto dele. Nada de escuridão.
Lívia observava de longe, sentada na varanda com Manu no colo, enquanto ela desenhava em uma folha um coração dividido em quatro partes.
— Esse é o papai Rafael, essa é a mamãe, esse é eu… e esse é o Bento. Mas ele ainda é pequenininho, por isso fiz menor — explicou Manu.
Lívia sorriu, emocionada.
— Ele vai crescer. Igual o amor que a gente tem por ele.
A casa azul ganhava um novo cômodo, mas o que crescia mesmo era o nós. O verbo havia mudado. Já não era mais “eu e você”. Agora era a gente. E essa gente incluía até o que antes pa