O quarto estava mergulhado numa penumbra silenciosa, interrompida apenas pelo som do meu próprio coração batendo acelerado. O relógio digital marcava 02:17 da madrugada. O tempo parecia suspenso, como se as paredes estivessem observando tudo ao nosso redor — testemunhas silenciosas de mais uma noite em que nossos corpos e almas tentavam se reencontrar em meio ao caos.
Você estava deitado ao meu lado, de costas para mim, como se o peso das últimas semanas fosse maior do que tudo que já enfrentamos juntos. O cheiro do seu perfume ainda pairava no ar, misturado com o aroma do nosso suor, da nossa pele recém colada em desejo, mas também em desespero. Tínhamos nos amado naquela cama como se fosse a última vez, e mesmo assim, ainda parecia que estávamos nos perdendo.
— Você vai ficar calado por quanto tempo? — perguntei, a voz baixa e rouca, quase um sussurro.
Você não respondeu. E o silêncio doeu mais do que qualquer palavra ríspida que pudesse sair dos seus lábios. Virei-me de lado, olhan