O silêncio do quarto parecia pesar mais que o ar. Eu sentia o peito apertado, como se algo invisível estivesse me sufocando. Baran estava sentado à beira da cama, as mãos unidas entre os joelhos, olhando fixamente para o chão. Era como se estivéssemos os dois presos numa redoma onde só o tempo passava — cruel, arrastado, implacável.
A noite anterior ainda queimava na minha pele. O gosto da sua boca, o toque desesperado, os gemidos abafados por beijos intensos. Estávamos tentando curar feridas um do outro através do desejo. Mas por mais intenso que fosse, eu sabia que o que tínhamos não era simples.
— Você não disse nada desde que acordamos — murmurei, minha voz mais trêmula do que eu gostaria.
Ele ergueu o olhar devagar. Seus olhos estavam vermelhos, cansados. Havia algo neles que eu ainda não conhecia — um tipo de medo que não combinava com o homem frio, calculista e perigoso que costumava ser.
— Eu estou com medo, Doktorum.
— Medo de quê? — me aproximei, sentando ao lado dele. — De