A casa estava em completo silêncio. O tipo de silêncio que carrega peso. Após os últimos dias intensos, de descobertas, promessas, cicatrizes emocionais e reencontros, eu precisava de um tempo para respirar. Mas Baran, como sempre, sabia exatamente quando a minha respiração estava irregular.
Ele entrou devagar no quarto, os olhos cravados nos meus. Eu estava sentada na beira da cama, de costas para a porta, apenas com uma camisa dele — larga, quase cobrindo minhas coxas. Ainda sentia os efeitos da última madrugada em meu corpo, e em meu coração. Quando ele se aproximou, pude sentir sua presença antes de ouvi-lo.
— Você está fugindo de mim? — ele perguntou, sua voz baixa, rouca, um misto de preocupação e desejo contido.
Suspirei, sem virar o rosto.
— Só estou tentando entender… tudo isso. Nós dois. O que nos tornamos depois de tanta dor.
Baran se aproximou mais e colocou as mãos nos meus ombros, massageando levemente, com cuidado, como se temesse me quebrar.
— Nós somos o que sobrevive