A chuva martelava os vidros do quarto como se o céu também carregasse o peso do que havia acontecido entre nós. O som das gotas era constante, firme, quase agressivo – e ainda assim, não conseguia abafar o barulho do meu próprio coração. Baran dormia profundamente ao meu lado, o peito subindo e descendo com tranquilidade, alheio ao caos que se desenrolava dentro de mim.
Eu estava ali, deitada, mas tão longe dele que parecia um continente nos separando. A cada toque, a cada beijo, sentia-me mais presa, mais envolvida… e, ainda assim, mais perdida.
Passei os dedos pelo lençol amassado, tentando absorver a textura como se fosse uma âncora para minha lucidez. Meus olhos, antes marejados por culpa e desejo, agora observavam o perfil de Baran com uma mistura de ternura e raiva. Ele era tudo o que eu nunca imaginei para mim. Um homem frio, dono de um mundo sombrio, perigoso… E, ainda assim, ele me olhava como se eu fosse o sol de um universo sem cor.
Mas havia sombras nele que eu ainda não e