A madrugada pairava espessa sobre a cidade. O telefone tocou por volta das três e meia da manhã. Eu não dormia, não sonhava, apenas existia naquele limbo entre o passado e o castigo presente.
Era Marcelo.
— Estão dizendo que Ravena está fora do país. Vazou antes que os mandados fossem expedidos — informou. — Mas tem algo mais.
Esperei, em silêncio.
— O nome Ferraz apareceu nos arquivos de uma denúncia anônima. Estão ligando você ao colapso da Ravena Corp.
Senti o gosto metálico do fim. Eu sabia que essa hora viria, mas nunca imaginei que fosse tão cedo, ou tão brutal.
— E Isabella? — perguntei.
— Ainda no hospital. Não quer receber visitas. Nem advogados. Ela está... diferente. Isolada. Mas firme.
— E Clara?
— O pai dela já a internou. O laudo aponta psicose grave com delírios afetivos. Lúcio ficou com ela. Não sai do lado dela nem por um segundo.
Silêncio.
Marcelo respirou fundo.
— Pedro... acabou. O que você queria fazer, já foi feito. Agora é só dor espalhada.
Desliguei. Não porque