A ausência de Clara deixava um silêncio quase sólido no apartamento. As lembranças do que houve na cabana me perseguiam como espectros. Isabella, agora consciente, estava sob vigilância médica reforçada, mas sua mente parecia tão quebrada quanto o corpo. Eu não conseguia tocá-la. Não conseguia sequer pronunciar seu nome sem me sentir um criminoso.
Marcelo permaneceu no Brasil. Seus olhos me observavam com uma mistura de cautela e pesar. Era como se soubesse que eu estava por um fio. E ele estava certo.
Foi ele quem me deu a carta.
— Chegou esta manhã — disse, jogando o envelope sobre a mesa. — É de Clara.
As mãos tremeram ao rasgar o papel. Dentro, apenas algumas linhas escritas à mão, com a caligrafia delicada e instável dela:
“Você nunca disse que me amava. E mesmo assim eu amei você com tudo que havia em mim. Agora, só peço que você diga a ela quem é. Mostre à Isabella o que o nome Ravena fez com sua vida. Talvez ela te perdoe. Eu não pude.”
O papel caiu da minha mão. Eu me afundei