O céu sobre São Paulo era cinza quando pousei. Mas não era o clima que carregava o peso do momento — era o que eu trazia dentro de mim. Ravena havia fugido, mas o rastro que deixou não era limpo. Ele estava escondido, sim. Mas não apagado. E como uma sombra que persegue o assassino na noite, eu iria alcançá-lo.
Ao sair do aeroporto, um carro preto me aguardava. Augusto estava ao volante. O rosto abatido, mais magro, o olhar turvo. Ele não disse nada. Só abriu a porta traseira, como quem entende que não há mais espaço para palavras.
— Alguma notícia dele? — perguntei depois de alguns minutos em silêncio, enquanto atravessávamos a marginal.
— Temos uma pista. Um fundo offshore no Uruguai movimentou cifras altíssimas nos últimos dias. Ligação indireta com um CPF de laranja usado por Ravena em 2004. Mas ainda é frágil. Marcelo está tentando.
Assenti.
O celular vibrou. Uma nova mensagem.
Número desconhecido: "Ela não merece pagar pelos pecados dele. Você já destruiu tudo, Pedro. Por que co