Lily casou-se com Rafael por um contrato entre famílias, mas o que era formalidade para ele, era amor verdadeiro para ela. Durante cinco longos anos, ela se dedicou ao papel de esposa perfeita, tentando conquistar um homem que só lhe retribuía com frieza e desprezo. Rafael, herdeiro de um império, acreditava que Lily estava ao seu lado apenas pelo dinheiro — e nunca se permitiu enxergar além disso. Cansada de ser invisível na própria vida, Lily decide pedir o divórcio. Mas, para sua surpresa, Rafael se recusa a assinar os papéis. Nem ele entende o motivo, apenas sabe que algo dentro de si grita para não deixá-la ir. Será tarde demais para o amor florescer? Depois de um casamento marcado por mágoas, desconfiança e incontáveis feridas, ainda haveria espaço no coração de Lily para perdoar — e recomeçar? Entre o amor, a traição e o arrependimento... qual deles irá prevalecer?
Leer másCatarina entrou na sala de Rafael com elegância e sofisticação. Aproximou-se da mesa e fingiu olhar algo no computador. Rafael, atento aos seus papéis, não prestou atenção, até o momento em que ela tentou sentar-se em seu colo. Ele a segurou pelos ombros e a afastou com firmeza.— Catarina, o que você está fazendo? — ele perguntou, sério.— Só queria… relaxar um pouco com você. A gente merece, depois de tanto trabalho, não acha?Rafa se afastou, visivelmente incomodado.Percebendo que não conseguiria o que queria naquele momento, Catarina mudou de assunto rapidamente.Ela o olhou com olhos de preocupação fingida.— Na verdade, vim falar sobre a Lily… e sobre a loja dela.— O que tem ela?— Parece que as roupas da loja dela são falsificadas. Você sabia disso?Rafa franziu o cenho, confuso.— Falsificadas? A Lily? Duvido.— Então você não sabia… — disse Catarina, como quem joga a isca. — A loja dela está sendo investigada. Além das roupas, há outros problemas: iluminação, design... A re
Catarina entrou na boutique com o olhar de quem já havia condenado tudo antes mesmo de cruzar a porta. Ao lado dela, marchava a Sra. Romena, uma das administradoras do shopping — mulher de postura rígida e olhos treinados para detectar falhas onde ninguém mais via.Lily mal teve tempo de cumprimentá-las. As duas começaram imediatamente uma ronda silenciosa, analisando cada detalhe: as araras, a decoração, o balcão, o ambiente. Tudo sob um olhar crítico e calculado.— Sra. Lily — começou Romena, parando no centro da loja com um tom severo —, recebemos alguns apontamentos sobre sua boutique. Precisamos averiguar questões que, infelizmente, podem comprometer o padrão exigido pelo shopping.Um frio percorreu a espinha de Lily.— Que tipo de questões? — perguntou, com a voz presa.Catarina respondeu antes mesmo da administradora:— Estética desalinhada com a proposta visual do centro, produtos de procedência duvidosa e, segundo relatórios internos, possíveis irregularidades nas instalações
Lily acordou se sentindo mal. Uma sensação de fraqueza e cansaço pairava sobre ela, como se algo estivesse errado com seu corpo. Preocupada com seu quadro de anemia, ela se arrumou para ir até o hospital.Enquanto tomava café, ouviu passos na escada. Olhou de relance e viu Rafael se aproximando para se juntar a ela à mesa. Ficou por um momento atordoada — ele nunca estava em casa, muito menos tomava café da manhã com ela. Em silêncio, ele se sentou e cruzou os braços. Estava com a expressão de quem não havia dormido: cansado e mal-humorado.— Não vai servir meu café? — disse ele.Lily ficou em choque. “Está me pedindo café? E com essa cara de poucos amigos?” Sem pensar muito, serviu um pouco de café puro em uma xícara de cerâmica e entregou a ele.— Só isso? E a comida? — continuou ele.Lily ficou ainda mais surpresa. Como havia preparado o café apenas para si, só havia torradas e pão — o que Rafael odiava. Seu café da manhã costumava ser variado, com frutas, ovos mexidos ou alguma pr
Lily ficou atordoada. Será que, finalmente, o universo estava jogando a seu favor? Correu para terminar os preparativos, arrumou a mesa da melhor maneira possível e sentou-se para esperá-lo.O jantar correu, em sua maior parte, em silêncio. Um silêncio estranho, que fazia o coração de Lily palpitar. Será que ele havia se lembrado de que ela era sua esposa?Quase ao fim da sobremesa, ele disse:— Você vai sempre àquele restaurante?A pergunta, fria como gelo, fez Lily estremecer. Não sabia o que responder. Não entendia o motivo daquela pergunta. Estaria bravo com o que aconteceu mais cedo? Provavelmente. Afinal, haviam irritado a doce Catarina.— Não sempre. Apenas quando sou convidada. Felizmente, Ana é uma das poucas pessoas que me convidam.Ao ouvir isso, Rafael lançou-lhe um olhar gélido. Algo estava claramente errado.— Entendo. Dei uma olhada na sua empresa hoje. Parece que seu desempenho não anda nada bem, não é mesmo?Lily congelou. O coração quase saltando pela boca.— Como as
Rafael chegou ao seu andar no shopping tomado pela raiva e pelo desgosto da situação que acabara de viver. Tirou o paletó e o jogou no sofá, desabotoou alguns botões da camisa, pegou um copo de whisky Isabella’s Islay e virou de uma vez só. O calor da bebida descendo pela garganta o ajudou a alinhar os pensamentos. Apertando o interfone, disse:— Marcos, venha até aqui. Agora!Marcos era o secretário de Rafael, seu braço direito havia anos, sempre disposto a ajudá-lo.Não esperou ele chamar uma segunda vez. Já sabia que o humor do chefe estava péssimo.— Sim, senhor Rafael — disse ao entrar. Ao olhar para Rafael, uma sombra de medo passou pelos seus olhos. Seu chefe tinha um olhar frio como gelo, com uma expressão que deixava a sensação de que poderia matar alguém a qualquer momento.— Quero um relatório completo da senhora Lily em minha mesa em trinta minutos. Todas as informações. Como está a loja dela no terceiro andar, quem são os funcionários, quem é o braço direito dela, quanto
Na mesa de Rafael, Catarina, que já havia tomado muito vinho, não conseguia evitar olhar para a mesa de Lily — e logo a reconheceu.“Ah, então essa vadia está aqui? Ela não perde por esperar”, pensou.Ela se virou para Rafael e disse:— Querido, eu sei que já te agradeci, mas gostaria de agradecer de novo. Obrigada por ter me ajudado ontem, você foi um cavalheiro, sabia?Logo em seguida, depositou um beijo quase nos lábios de Rafael.Por um momento, Rafael ficou paralisado. Não queria que as pessoas pensassem que ele e Catarina tinham algo. Por mais que já não gostasse de sua esposa, não queria se meter em mais problemas.Catarina, por sua vez, assumiu um ar de triunfo. Ao terminarem a refeição, já quase saindo do restaurante, ela disse:— Rafa, acho que acabei de ver a Lily ali. Tenho certeza que é ela... é ela mesma! Por que não vamos dar um oi?— Onde?Rafael se virou e viu Lily sentada à mesa, pálida, com um ar de choque. Ele não entendia o que Lily estava fazendo em um restaurant
Enquanto Lily passava pelo corredor do shopping, não pôde deixar de notar alguns comentários vindos de um grupo próximo:— A dona Catarina faz bem o tipo dele, não é mesmo? — Sim, eu acho que eles deveriam esclarecer as coisas logo. Todo mundo sabe que estão juntos desde antes da faculdade. — Você viu que ela sofreu um acidente nas escadas do escritório ontem? — Sério? Eu não sabia. — Sim, ela caiu e machucou o pé. O senhor Rafael foi correndo socorrê-la. Levou-a para o hospital. Muito cavalheiro, não é? — Ai, sim! Como eu queria um desses pra mim...Lily sentiu um aperto no peito. Então ele passou a noite com Catarina? Ela não esperava menos. Parecia que tudo ao redor de Rafael girava em torno de Catarina. Se caísse um fio de cabelo dela, ele ia correndo ajudá-la. Enquanto isso, Lily — que fora diagnosticada com anemia meses antes — nunca sequer recebeu uma mensagem do marido perguntando se precisava de algo. Ele só soube da notícia porque a avó dele, que acompanhara Lily ao hos
Rafael desceu o elevador do hospital e seguiu diretamente para o estacionamento. Enquanto dirigia de volta para casa, desejava que Lily já estivesse dormindo. Não queria encontrá-la nem ter que explicar o motivo de não ter voltado mais cedo.Ao chegar à mansão, entrou em silêncio. Passou pela cozinha e, ao olhar de relance, sentiu um frio na barriga. Toda a comida que Lily havia preparado estava posta sobre a mesa — mas havia apenas um prato: o dele. Um vazio apertou seu peito. Sem entender direito os próprios sentimentos, apenas pegou um copo de água e subiu para tomar banho, organizar suas coisas e voltar ao hospital.Lily, que já estava dormindo, acordou com o som do chuveiro. Caminhou nas pontas dos pés até a porta do quarto e escutou Rafael tomando banho. Sentiu-se feliz por ele ter voltado para casa.— Você já jantou? — perguntou, em voz baixa. — Já — respondeu ele, seco.— Está chegando nosso aniversário de casamento. O que você gostaria de fazer? — Não precisa me lembrar dis
No quarto do hospital, Catarina estava deitada em um leito particular. Ao seu lado, Rafael trabalhava no computador em projetos da empresa.Catarina, que havia visto a mensagem de Lily no celular dele, correu para apagá-la. Sabia que Rafael não faria questão de responder, mas queria garantir que ele não visse — queria mantê-lo ali, com ela.Ela havia mentido, dizendo que se machucou ao cair de uma escada no escritório. Rafael, sempre à disposição de Catarina, não hesitou e a levou ao hospital da família.Sabendo que conseguia controlá-lo, pois ele gostava dela, pediu para que ele ficasse com ela, dizendo:— Vou aproveitar que já está tarde, vou descer e jantar no refeitório. Depois, vou para casa. Você gostaria de alguma coisa? Talvez roupas, sapatos, seu computador? Posso pedir para algum dos empregados buscar para você.— Ah, você sabe que não gosto de ficar sozinha, ainda mais num lugar cheio de pessoas como esse. Você não poderia ficar comigo só hoje, Rafa? Eu não preciso de nada…