[CASAMENTO POR CONTRATO] + [DIVÓRCIO] + [CEO] + [MISTÉRIO] + [GRAVIDEZ INESPERADA] Lily casou-se com Rafael por um contrato entre famílias, mas o que era formalidade para ele, era amor verdadeiro para ela. Durante cinco longos anos, ela se dedicou ao papel de esposa perfeita, tentando conquistar um homem que só lhe retribuía com frieza e desprezo. Rafael, herdeiro de um império, acreditava que Lily estava ao seu lado apenas pelo dinheiro — e nunca se permitiu enxergar além disso. Cansada de ser invisível na própria vida, Lily decide pedir o divórcio. Mas, para sua surpresa, Rafael se recusa a assinar os papéis. Nem ele entende o motivo, apenas sabe que algo dentro de si grita para não deixá-la ir. Será tarde demais para o amor florescer? Depois de um casamento marcado por mágoas, desconfiança e incontáveis feridas, ainda haveria espaço no coração de Lily para perdoar — e recomeçar?
Ler maisEra um dia de outono comum para Lily — ensolarado, com uma leve brisa que anunciava a chegada do inverno. Junto com o frio que se aproximava, também vinha a lembrança de seu aniversário de casamento. Ela desejava, no fundo, que apenas a data fosse fria e nebulosa, enquanto sonhava com um casamento que parecesse um dia de primavera: leve, iluminado, cheio de cor. Mas a realidade era bem diferente.
Depois de caminhar pela Oxford Street e fazer algumas compras, Lily passou em um dos seus cafés favoritos. Comprou alguns muffins de red velvet — seus preferidos — e um chocolate para o marido. No entanto, ela sabia que ele não comeria. Rafael nunca tocava em nada que ela comprava.
Rafael e Lily eram casados há cinco anos — mas apenas no papel. Todos sabiam que Rafael só tinha olhos para a prima de Lily, Catarina. Eles não escondiam isso de ninguém. Formavam o par perfeito: na vida pessoal, na profissional e, principalmente, nas redes sociais. Eram chamados de “o casal do século”, pois pareciam combinar em tudo.
Catarina dominava qualquer ambiente só com a presença. Loira, de cabelos ondulados e sedosos, exalava sofisticação. Apesar de seus 1,60 m, parecia mais alta. Corpo magro, esguio, feita para vitrines... ou palcos. Seus olhos verdes, intensos, pareciam enxergar além da superfície.
Já Lily carregava uma beleza que chamava atenção sem esforço — delicada, mas cheia de presença. Cabelos ruivos quase loiros, que caíam em ondas suaves até as costas, refletindo tons dourados ao sol. Seus olhos azuis tinham um brilho límpido e pequenas sardas no rosto.
Lily chegou à mansão Manor, tomou banho, se arrumou e preparou o jantar. Rafael era um homem sério, frio, bonito e muito inteligente. Dono de um conglomerado de shoppings, sua família era uma das mais bem-sucedidas da Europa. Além dos shoppings, tinham negócios imobiliários, lojas e departamentos — todos ocupando cargos de prestígio.
Ele tinha um rosto marcante, com maçãs do rosto altas, mandíbula forte e olhos verde-mel hipnotizantes. Seus lábios eram carnudos e simétricos, a pele dourada, e os cabelos escuros e levemente ondulados completavam o conjunto. O corpo denunciava a disciplina: peitoral largo, ombros fortes, braços definidos e abdômen rígido.
Lily, todos os dias, preparava refeições para ele. Naquele dia, caprichou: carpaccio de filé mignon com rúcula, robalo grelhado com crosta de ervas, purê trufado e legumes. De sobremesa, tiramisù com licor de amêndoas e raspas de chocolate amargo. Às 18h30, tudo estava pronto. Ela correu até o banheiro, ajeitou o cabelo, retocou a maquiagem e foi para a sala esperar por Rafael.
Mas ela estava faminta e não entendia o motivo da demora. Às 20h, impaciente, pegou o celular e escreveu:
“Onde você está? Nosso jantar está pronto.”Ansiosa, coração na mão, esperou. Ela raramente mandava mensagens — sabia que Rafael não gostava de ser incomodado, pelo menos, não por ela. Mas, como tantas outras vezes, nenhuma resposta veio.
Ela já conhecia aquele descaso. Rafael quase nunca aparecia para jantar. Ainda assim, mantinha o hábito de preparar suas refeições, na esperança de que, um dia, ele a olhasse diferente.
Sem resposta, com angústia, Lily sentou-se sozinha à mesa. Ela não aguentava mais ser rejeitada. Em cinco anos de casamento, podia contar nos dedos quantas vezes jantaram juntos, quantas vezes ele voltou para casa antes de ela dormir.
O olhar fixo no celular começou a se perder, e, sem querer, sua mente a levou para um dia que ela gostaria de esquecer.
Era uma manhã qualquer. Lily estava na cozinha preparando o café da manhã quando, sem perceber, esbarrou na chaleira. A água fervendo derramou direto sobre suas pernas. O choque foi instantâneo. A dor, insuportável. Desesperada, agarrou o celular e, sem pensar duas vezes, ligou para Rafael.
Mas quem atendeu não foi ele.
— Oi, prima! — disse, com aquela voz doce, quase debochada. — Rafael não pode te ajudar agora... Ele tá no banho.Lily, ofegante de dor, tentou conter o choro.
— Por favor, chama ele... eu me queimei, tá doendo muito... — sua voz tremia, quase implorando.A resposta veio como uma facada no peito.
— Olha, sinceramente... ele não vai poder te ajudar. A gente passou a noite inteira transando. E, pra ser bem direta, ele ainda tá com fogo, sabe? E eu... sou quem vai acalmar esse fogo dele agora. — Ela soltou uma risada baixa. — Estamos ocupados demais pra isso. Se vira, tá?E desligou.
Lily ficou alguns segundos paralisada, encarando o telefone na mão, como se aquilo fosse um pesadelo. O coração disparado, as lágrimas misturadas com a dor que queimava sua pele Estava sozinha. Completamente sozinha. E, como sempre, teria que se virar.
Entrou no carro, dirigindo como pôde até o hospital. Quando chegou, uma enfermeira correu para ajudá-la, e, enquanto preenchia a ficha, um dos médicos a olhou e perguntou:
- A senhora está sozinha? Como conseguiu dirigir até aqui assim?
- Eu, eu me virei sozinha. - A senhora não tem marido? Ninguém?Naquele instante, ela não segurou. As lágrimas vieram de uma vez, pesadas, sufocantes, como se tudo aquilo que ela insistia em ignorar finalmente tivesse quebrado dentro dela.
Infelizmente, a resposta não veio. E Lily com angústia, sentou-se sozinha à mesa da sala de jantar para comer. Ela não aguentava mais ser rejeitada. Em cinco anos de casamento, podia contar nos dedos quantas vezes jantaram juntos, quantas vezes ele voltou para casa antes de ela dormir, quantas vezes realmente se viam. Com tristeza, após terminar a refeição, Lily sentiu novamente a dor da rejeição. O vazio da grande mansão a envolvia.O silêncio daquela casa era ensurdecedor. Mas, no fundo, Lily sabia… aquilo era só o começo. Ela só não imaginava que, nos próximos dias, tudo que achava ter sob controle iria desmoronar — e da pior forma possível.
— Ah, cara, sério… o que mais me deixou em choque foi saber que você estava de lance com a Lily. Depois de anos casado, agora você resolve ficar com ela? Se eu fosse ela, tinha mandado você pro lugar onde Deus não está.— Você já foi se ferrar hoje, Arthur? — disse Rafa, irritado.— Não, mas já você… — provocou Arthur, rindo.Rafa se levantou para ir pra cima dele, mas Arthur foi mais rápido e correu.— Parem com isso! — disse Thomas, impaciente. — Mas, falando sério, desde quando vocês começaram a ficar juntos?— Sei lá… e o que isso importa? — perguntou Rafa, com expressão fechada.— Importa porque, há algumas semanas, todas as manchetes de Londres diziam que você estava de caso com aquela loira lá… que, sinceramente, eu nem gosto de falar o nome.— Cara, sendo sincero, eu nunca vi esse lado ruim que vocês sempre falavam da Catarina… mas depois do que ela fez, contando pra Lily que eu dormi na casa dela… sinceramente, tá tudo muito estranho.— Rafa, de verdade? Você é burro. A gente
Quando Lily acordou, sentiu como se a alma tivesse deixado seu corpo. Estava pesada, cansada; havia chorado a noite inteira, e seu rosto ainda estava inchado. Antes mesmo de se levantar da cama, um enjoo forte a atingiu de repente. Correu para o banheiro e mal conseguiu chegar até o vaso. Deve ser o estresse, pensou, ou talvez a falta das vitaminas.Tomou um banho, se arrumou e decidiu que, depois do divórcio, iria tomar café sozinha. Não conseguiria olhar para Rafael — muito menos tomar café com ele. O que eu diria? “Bom dia, ex-marido?”Vestiu um vestido preto, que combinava com a ocasião, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e percebeu que o inchaço no rosto já havia diminuído um pouco.Ao sair do quarto, viu Rafa parado no final do corredor, esperando por ela. Estava pálido, o rosto inchado, vestindo um smoking preto impecável, mas com o cabelo bagunçado.— Você já está pronto? — perguntou ela.Ele não respondeu, apenas olhou para baixo.— Por favor, não faça isso — disse ele, qu
Enquanto dirigia, as perguntas não paravam de martelar na cabeça de Lily. O que havia acontecido com Rafael para, de repente, querer ficar com ela? De onde tinha surgido esse sentimento que ele supostamente dizia ter?Ao chegar à loja de eletrônicos, foi direto ao balcão.— Olá, tudo bem? Vim buscar meu celular. — Certo, seu nome? — perguntou o atendente. — Lily. — Um momento, por favor.Logo ele voltou com o aparelho.— Aqui está. Pode conferir se está tudo ok? — Claro — disse Lily, verificando o celular e o computador. — Olha, deu um trabalhão, mas conseguimos arrumar — comentou o rapaz, rindo. — Poxa, que pena. Não queria dar trabalho para vocês… Mas estou bem feliz que deu certo. É só eu ligar e já vou ter acesso às mensagens, certo? — Isso mesmo. Assim que ligar, vai aparecer tudo, inclusive as conversas antigas. — Ótimo… Essa era a minha maior preocupação. Muito obrigada. — Eu que agradeço. Até mais. — Até.Lily saiu da loja sentindo-se mais leve. Tudo o que ela mais q
— A senhora já se decidiu qual dos vestidos vai querer? — perguntou Lizy. — Hum… acredito que o branco. Ele está fabuloso e vai combinar com o jantar! — Perfeito, vou embalar para a senhora.Enquanto foi até o caixa, Lizy lançou um rápido olhar para fora da loja e percebeu Catarina se aproximando. Os passos eram firmes, quase ameaçadores, como se viesse pronta para atacar. O coração de Lizy disparou — ela sabia que algo estava prestes a acontecer, mesmo sem imaginar exatamente o quê.— Aqui está, senhora! — disse ela, entregando a sacola. — Quanto deu? — O total ficou em €1500. — Certo!Mas Lizy já não conseguia manter a atenção na cliente que comprava um vestido para comemorar cinquenta anos de casamento. Seus olhos estavam presos na figura loira e alta parada à porta, observando tudo ao redor com um ar perturbador. Um arrepio percorreu sua espinha: a energia que emanava de Catarina era sufocante, quase insana.— Obrigada, senhora. Volte sempre! — Obrigada eu, até logo! — Até!
Havia passos de salto alto ecoando pelo corredor estreito e longo do shopping. O som seco e apressado denunciava a impaciência de quem caminhava. Pam, pam, pam, pam. Quem ouvia aquele compasso não tinha dúvidas: era alguém furioso, talvez correndo contra o próprio tempo. Os olhares curiosos das pessoas que passeavam pelas lojas requintadas se voltavam imediatamente para a figura.Era loira, alta, impecável. O conjunto verde que vestia parecia feito sob medida, um luxo que chamava atenção não apenas pela cor, mas pela presença que carregava. Mais que uma mulher elegante, parecia uma boneca de vitrine, como se tivesse acabado de sair de uma caixa de presentes de Natal sabe? Só que viva, real e perigosamente determinada.Ela andava com pressa, não porque estivesse atrasada, mas porque o ódio a dominava. Estava tomada pela raiva, de Lily, principalmente, e em parte de Rafa também. No entanto, dentro de si, tinha certeza de que a culpa era sempre de Lily. Sempre era.Chegou ao último andar
— Bom dia! — disse Rafael, acordando Lily com um sorriso. — Bom dia, querido! — respondeu ela, sonolenta. — Pelo jeito, você gostou de ficar grudada comigo, hein? Não sai de cima do meu peito! — Humm, talvez, talvez... Não se ache muito! — disse ela, rindo.— Ai, nem acredito que vamos voltar hoje pra casa! — comentou Lily, se levantando e se espreguiçando, enquanto Rafael a observava. — Rafa? — Hã?— O que foi? Tá me olhando por quê? — Eu adoro as suas pintas — disse ele, passando o dedo devagar nas costas dela, fazendo-a arrepiar. — Ah, você já disse isso, bobo. — Eu sei. Vamos arrumar nossas coisas? — Vamos, temos que ir. — Temos...— Sabe... tô meio triste por ir embora — confessou Lily. — Eu também. Mas podemos voltar quando quiser. — Sim, podemos...Os dois se olharam por um instante. O silêncio entre eles não era vazio e sim cheio de sintonia. Tudo parecia estar no lugar certo. Para Lily, aquela era a paz e o amor que ela sempre desejou. Para Rafael, aquela mulher
Último capítulo