Encontro Desastroso

Na mesa de Rafael, Catarina, que já havia tomado muito vinho, não conseguia evitar olhar para a mesa de Lily — e logo a reconheceu.

“Ah, então essa vadia está aqui? Ela não perde por esperar”, pensou.

Ela se virou para Rafael e disse:

— Querido, eu sei que já te agradeci, mas gostaria de agradecer de novo. Obrigada por ter me ajudado ontem, você foi um cavalheiro, sabia?

Logo em seguida, depositou um beijo quase nos lábios de Rafael.

Por um momento, Rafael ficou paralisado. Não queria que as pessoas pensassem que ele e Catarina tinham algo. Por mais que já não gostasse de sua esposa, não queria se meter em mais problemas.

Catarina, por sua vez, assumiu um ar de triunfo. Ao terminarem a refeição, já quase saindo do restaurante, ela disse:

— Rafa, acho que acabei de ver a Lily ali. Tenho certeza que é ela... é ela mesma! Por que não vamos dar um oi?

— Onde?

Rafael se virou e viu Lily sentada à mesa, pálida, com um ar de choque. Ele não entendia o que Lily estava fazendo em um restaurante daqueles — na cabeça dele, ela não tinha dinheiro para bancar a alta gastronomia.

— Oi, Lily querida! — disse Catarina.

Lily não acreditava na ousadia de Catarina em cumprimentá-la, ainda mais depois de tê-la visto quase beijando seu marido. Atordoada, olhou para a cena dos dois lado a lado, como se fossem um casal perfeito. Não conseguiu evitar um sorriso — amargo e desgostoso.

— Olá, Catarina — respondeu Lily, olhando em seguida para Rafael, que apenas fez um leve aceno de cabeça.

Rafael não entendeu a atitude dela. Por que estava sendo tão fria? Logo ela, que sempre se jogava em seus braços?

— Que bom te ver por aqui, priminha. Sei que você tem uma marca de roupas de luxo, mas não imaginei que pudesse bancar um restaurante de alta gastronomia. Pelo jeito as coisas vão bem pra você, né? Ah, não, espera... acabei de lembrar. Quem deve estar bancando tudo é o Rafael, né? Já que você é uma interesseira.

Ao ouvir isso, Ana pegou sua taça de vinho tinto e jogou no rosto de Catarina.

— Quem você pensa que é para falar assim da minha amiga, seu cotonete ambulante?!

— Como você ousa? — gritou Catarina, atordoada, molhada e suja.

— Eu é que te pergunto! Você veio até nossa mesa pra insultar a Lily? Quem você acha que é? Quem te deu o direito de vir incomodar o almoço dos outros?

— Sua vadia, eu vou te matar!

Nesse momento, Catarina estava com o rosto todo vermelho — parecia que ia explodir. Rafael a segurou pelos braços e, tomado pela raiva, disse:

— Por que você fez isso? Ela acabou de sair do hospital! Você é maluca? E você, como deixa ela fazer isso? Você não deveria pensar melhor com quem anda?

Nesse momento, toda a fúria de Lily, todo o rancor e ódio acumulados pela forma como vinha sendo tratada, explodiram:

— COM QUE TIPO DE PESSOA EU DEVERIA ANDAR, RAFAEL? Igual a você, que é casado, mas vive andando com a amante? Levando-a pra todos os cantos e até mesmo cuidando dela, enquanto sua esposa está em casa disposta a fazer tudo por você? Saiba que a Ana é a minha melhor amiga e uma das melhores pessoas que existem. Ela fez mais do que certo em me defender, já que nem pra isso VOCÊ serve!

Rafael olhou incrédulo para Lily. Não queria acreditar nas palavras que estavam saindo da boca dela. Ela, sua esposa submissa e bondosa, gritando daquele jeito? Uma fúria começou a crescer dentro dele — ele não ia deixar isso barato.

Com raiva, segurou Catarina pelos braços e a levou para fora do restaurante. Na calçada, puxou um lenço do bolso do paletó e entregou a ela.

— Estou do lado de fora do restaurante. Venha me buscar, agora! — sua voz saía como ácido da boca.

Ele olhou com ódio profundo para Catarina.

— Você não deveria ter falado nada para ela. Por que a ofendeu dessa maneira?

— Ofendi? Você sabe que é verdade. Ela se casou com você só pelo seu dinheiro.

— Ela pode ter se casado comigo por dinheiro ou por qualquer outro motivo, mas isso não te dá o direito de insultá-la dessa forma. Não se esqueça: ela é minha esposa. Faz parte da família Baudelaire. E se souberem disso, vão querer acertar as contas com você. Entendeu?

— Querido, você sabe que, se não fosse por ela, eu seria a sua esposa, não é? Nós sempre fomos destinados a ficar juntos. Eu te amo desde os meus 17 anos. Não acha injusto ela ter casado com você, e eu não? Eu sempre te amei.

— O que eu acho justo ou não, não importa. O que importa é a sua segurança. Se eles vierem atrás de você, terei poucos recursos para te ajudar. Você sabe que ela é a protegida da família.

— Eu sei... só não suporto ver ela se aproveitando de tudo que você demorou anos para construir. E viu a amiga dela? Eu nunca gostei dessa Ana. Não sei o que Lily vê nela pra querer ser amiga.

Catarina segurou os braços de Rafael como se sua vida dependesse disso. Fazia manha e o olhava com expressão de choro, como se estivesse arrependida do que acabara de acontecer. Rafael a olhou e não conseguiu deixar de sentir pena. Passou a mão pela cintura dela e a segurou.

Nisso, o carro chegou e os dois entraram.

No trajeto, Catarina ficou grudada em Rafael, com a cabeça encostada em seu ombro e fazendo carinho no braço dele. Rafael, olhando pela janela, estava mergulhado em seus pensamentos.

O que havia acontecido para Lily agir daquela maneira? Teriam sido os sites de fofoca? Ou o fato de ele não ter voltado para casa na noite anterior?

De qualquer forma, ele não ia deixar barato aquela rebeldia.

Logo Lily ia lembrar quem estava no controle.

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