No quarto do hospital, Catarina estava deitada em um leito particular. Ao seu lado, Rafael trabalhava no computador em projetos da empresa.
Catarina, que havia visto a mensagem de Lily no celular dele, correu para apagá-la enquanto ele ia ao banheiro. Sabia que Rafael não faria questão de responder, mas queria garantir que ele não visse — queria mantê-lo ali, com ela. Ela havia dito que se machucou ao cair de uma escada no escritório. Rafael como sempre a sua disposição, não hesitou e a levou ao hospital da família. Sabendo que conseguia controlá-lo, pediu para que ele ficasse com ela. — Vou aproveitar que já está tarde, vou descer e jantar no refeitório. Depois, vou para casa. Você gostaria de alguma coisa? Talvez roupas, sapatos, seu computador? Posso pedir para algum dos empregados buscar para você. — Ah, você sabe que não gosto de ficar sozinha, ainda mais num lugar cheio de pessoas como esse. Você não poderia ficar comigo só hoje, Rafa? Eu não preciso de nada… você aqui comigo é tudo o que eu preciso para me sentir melhor — disse, com uma voz meiga e melosa. — Tudo bem, posso ficar com você. Mas preciso ir para casa tomar um banho. O dia foi complicado, preciso trocar de roupa, tudo bem? — respondeu, com um tom apaixonado e preocupado. — Tudo bem... mas promete que vai fazer só isso e depois voltar pra ficar comigo? A Lily não vai ficar chateada por você passar a noite aqui? Você sabe que eu não quero mais rumores sobre nós dos que já existem. Rafael não respondeu. Em vez disso, lançou-lhe um olhar de desaprovação — o nome de Lily era desagradável demais para continuar a conversa. — Eu prometo. Volto logo — disse ele, depositando um beijo em sua testa antes de sair, batendo a porta do quarto. O simples nome de Lily lhe causava desconforto, ao ouvir seu nome trouxesse à tona tudo o que ele queria esquecer. Para Catarina, a desaprovação de Rafael por Lily era tudo o que ela mais desejava. Ela era apaixonada por Rafael desde os seus 17 anos, quando ainda cursava o ensino médio e se preparava para o vestibular. Eles fizeram juntos um curso preparatório para ingressar na faculdade, e foi nessa época que a paixão entre os dois começou. Rafael também se encantou por Catarina — tanto pela beleza quanto pela inteligência dela. Mas Catarina odiava Lily com todas as suas forças. Lily era sua prima, e apesar de serem apenas dois anos mais novas uma da outra, foram criadas juntas — o que só alimentou ainda mais o ressentimento. Catarina tinha raiva de como Lily sempre se destacava, era mais inteligente, elogiada e reconhecida, enquanto ela se sentia sempre em segundo plano. Assim que Rafael saiu do quarto, Catarina não conseguiu conter um sorriso de satisfação. Pensou imediatamente em como Lily estaria naquele exato momento, esperando por um marido que não viria. E como ela reagiria ao descobrir que Rafael passaria a noite com outra — com ela. Com entusiasmo mal contido, Catarina desceu da cama — as pernas, perfeitamente bem — e foi se preparar para a volta de Rafael.