Catarina entrou na boutique com o olhar de quem já havia condenado tudo antes mesmo de cruzar a porta. Ao lado dela, marchava a Sra. Romena, uma das administradoras do shopping — mulher de postura rígida e olhos treinados para detectar falhas onde ninguém mais via.
Lily mal teve tempo de cumprimentá-las. As duas começaram imediatamente uma ronda silenciosa, analisando cada detalhe: as araras, a decoração, o balcão, o ambiente. Tudo sob um olhar crítico e calculado.
— Sra. Lily — começou Romena, parando no centro da loja com um tom severo —, recebemos alguns apontamentos sobre sua boutique. Precisamos averiguar questões que, infelizmente, podem comprometer o padrão exigido pelo shopping.
Um frio percorreu a espinha de Lily.
— Que tipo de questões? — perguntou, com a voz presa.
Catarina respondeu antes mesmo da administradora:
— Estética desalinhada com a proposta visual do centro, produtos de procedência duvidosa e, segundo relatórios internos, possíveis irregularidades nas instalações