Lily casou-se com Rafael por um contrato entre famílias, mas o que era formalidade para ele, era amor verdadeiro para ela. Durante cinco longos anos, ela se dedicou ao papel de esposa perfeita, tentando conquistar um homem que só lhe retribuía com frieza e desprezo. Rafael, herdeiro de um império, acreditava que Lily estava ao seu lado apenas pelo dinheiro — e nunca se permitiu enxergar além disso. Cansada de ser invisível na própria vida, Lily decide pedir o divórcio. Mas, para sua surpresa, Rafael se recusa a assinar os papéis. Nem ele entende o motivo, apenas sabe que algo dentro de si grita para não deixá-la ir. Será tarde demais para o amor florescer? Depois de um casamento marcado por mágoas, desconfiança e incontáveis feridas, ainda haveria espaço no coração de Lily para perdoar — e recomeçar? Entre o amor, a traição e o arrependimento... qual deles irá prevalecer?
Ler maisDe repente, a mesa vibrou. Rafael olhou para o celular: era Eduardo ligando. Atendeu sem muito ânimo.— Hum, diga.— Nossa, já atende de mau humor? Que bicho te mordeu agora, homem?— O que você quer, Edu? Fala logo, tô cheio de trabalho.— Estou TE OBRIGANDO a ir pro clube agora. Tem uma gatinha nova lá que eu quero conquistar, e os caras estão reclamando da ausência de um certo velho rabugento, sabe?— Não dá, tô atolado de coisa aqui.— Ah, para com isso, Rafael! Quando foi a última vez que você foi? Uns quatro meses? A gente só quer se divertir um pouco. Inclusive, vi no jornal esses dias que trabalhar demais faz mal pra saúde, viu?— Hum, sei… E esse jornal seria o quê? O "Jornal da Sua Cabeça"?— Que nada! Foi no “Jornal do Vamos Viver Porque Só se Vive Uma Vez”. Han han! Vai, bora logo! Os caras tão me enchendo o saco aqui, todo mundo quer que você vá.— Ai, tá bom, que saco! Já tô indo.— Rabugento! Vou avisar o pessoal, capaz deles soltarem fogos. Você nunca topa nada, só que
— Eu entendo o seu amor por ele, entendo que você passou anos tentando ser uma boa esposa e “compensar” essa atitude que acha que teve de errada no passado. Mas está na hora de começar a pensar no seu futuro, no que você quer para você, entende? Não dá para passar o resto da vida tentando compensar um erro que nem foi você quem cometeu. Você não obrigou ele a casar com você, apenas aceitou. Entende?— Acho que você tem que começar a pensar em si mesma e em como quer viver o resto da sua vida. Você pensa em pedir o divórcio?Lily levou um choque. Ela... pedir o divórcio? Nunca havia pensado nessa possibilidade. Sempre achou que, se isso acontecesse, viria da parte de Rafael — mas ela? Ela estava fora de cogitação.— Não... eu nunca pensei nisso. Não sei se teria coragem. Se eu pedir o divórcio, então perco ele.— Mas você nunca teve ele, não é? Não é justo prender uma pessoa em um casamento arranjado. E eu não digo isso só por ele, mas principalmente por você. Eu acredito que você é um
— E o que aconteceu? — Ana perguntou, aflita e curiosa.— Bom, aconteceu algo que me tirou o chão dos pés... literalmente, porque eu quase desmaiei. Só me mantive firme porque a dona Paola me segurou.O Rafa estava tendo uma discussão com o Sr. Afonso, pai dele. Ele berrava, dizendo que não ia se casar comigo, que nunca nesse mundo existiria essa possibilidade, e que, se o pai insistisse, ele queimaria a igreja com todos dentro, se fosse necessário, mas que de jeito nenhum se casaria com uma “interesseira” como eu.— Haaaan, MEU DEUS DO CÉU, LILY, EU VOU MATAR ESSE CARA!— Vai nada, doida. De qualquer forma, ouvir aquilo me machucou muito. Naquele momento eu entendi que ele nunca seria meu. Ele me achava interesseira... deve ter sido por isso que ele nunca falou comigo.Eu queria sair correndo, falar pro meu tio que queria desistir do casamento. Mesmo meu lado egoísta falando que não, pois... poxa, eu gostei dele a vida inteira. Desde que eu era uma garotinha. Que mal havia em uma gar
— Meu Deus, Lily… e agora? O que você vai fazer? E o Rafael? O que ele disse? Ele vai resolver isso como?— Ele não vai… — respondeu Lily, com os olhos cheios de lágrimas.— C-como assim ele não vai?Ele tem que te ajudar! Ele é o presidente do shopping!— Ele só disse que espera que a denúncia não seja verdade. E, se for, não vai manter a loja porque eu não “mereço” tratamento especial — disse Lily com uma risada amarga. Ana a olhava chocada.— Mas, Lily… ele é seu marido! Por que ele não te ajudaria? Eu tenho certeza de que suas roupas não são falsificadas! Você trabalhou anos pra conseguir ter a sua marca. Amiga, eu lembro de você juntando dinheiro pra comprar os melhores tecidos porque queria oferecer qualidade pros clientes! — Ana estava atordoada.— Pelo menos você acredita em mim. Isso já me alivia um pouco… saber que alguém acredita em mim, sabe? Agora, sobre o Rafael… eu já não esperava muito mesmo.— Como assim? Por que diz isso?— Sendo bem sincera? Ainda não sei por que el
Lily viu a tarde passar rapidamente. Passou a maior parte do tempo sentada, tentando entender tudo o que havia acontecido. Quem teria feito a denúncia? Onde encontraria uma solução para manter a boutique aberta? Várias peças ainda estavam sendo produzidas por encomenda, sem falar no desfile que se aproximava.Sua cabeça girava sem saber por onde começar. Mas o pior não era a confusão na mente — era a dor no coração ao perceber que Rafael não estava ao seu lado, mas sim do lado de Catarina. Como ele podia acreditar que ela faria algo assim contra a própria boutique? Ela, que levou anos para construir sua carreira, como ele duvidava do seu caráter, da sua dignidade?Sentindo-se sobrecarregada, Lily pensou em ligar para a única pessoa que poderia ajudá-la naquele momento.— Alô, Lily? — Sou eu. Você está livre hoje à noite? — Opa, estou sim, amiga. O que quer fazer? Por que essa voz triste? — Ah, muita coisa aconteceu desde ontem... Quer sair para um bar? Na verdade, já são quase seis,
Catarina entrou na sala de Rafael com elegância e sofisticação. Aproximou-se da mesa e fingiu olhar algo no computador. Rafael, atento aos seus papéis, não prestou atenção, até o momento em que ela tentou sentar-se em seu colo. Ele a segurou pelos ombros e a afastou com firmeza.— Catarina, o que você está fazendo? — ele perguntou, sério.— Só queria… relaxar um pouco com você. A gente merece, depois de tanto trabalho, não acha?Rafa se afastou, visivelmente incomodado.Percebendo que não conseguiria o que queria naquele momento, Catarina mudou de assunto rapidamente.Ela o olhou com olhos de preocupação fingida.— Na verdade, vim falar sobre a Lily… e sobre a loja dela.— O que tem ela?— Parece que as roupas da loja dela são falsificadas. Você sabia disso?Rafa franziu o cenho, confuso.— Falsificadas? A Lily? Duvido.— Então você não sabia… — disse Catarina, como quem joga a isca. — A loja dela está sendo investigada. Além das roupas, há outros problemas: iluminação, design... A re
Catarina entrou na boutique com o olhar de quem já havia condenado tudo antes mesmo de cruzar a porta. Ao lado dela, marchava a Sra. Romena, uma das administradoras do shopping — mulher de postura rígida e olhos treinados para detectar falhas onde ninguém mais via.Lily mal teve tempo de cumprimentá-las. As duas começaram imediatamente uma ronda silenciosa, analisando cada detalhe: as araras, a decoração, o balcão, o ambiente. Tudo sob um olhar crítico e calculado.— Sra. Lily — começou Romena, parando no centro da loja com um tom severo —, recebemos alguns apontamentos sobre sua boutique. Precisamos averiguar questões que, infelizmente, podem comprometer o padrão exigido pelo shopping.Um frio percorreu a espinha de Lily.— Que tipo de questões? — perguntou, com a voz presa.Catarina respondeu antes mesmo da administradora:— Estética desalinhada com a proposta visual do centro, produtos de procedência duvidosa e, segundo relatórios internos, possíveis irregularidades nas instalações
Lily acordou se sentindo mal. Uma sensação de fraqueza e cansaço pairava sobre ela, como se algo estivesse errado com seu corpo. Preocupada com seu quadro de anemia, ela se arrumou para ir até o hospital.Enquanto tomava café, ouviu passos na escada. Olhou de relance e viu Rafael se aproximando para se juntar a ela à mesa. Ficou por um momento atordoada — ele nunca estava em casa, muito menos tomava café da manhã com ela. Em silêncio, ele se sentou e cruzou os braços. Estava com a expressão de quem não havia dormido: cansado e mal-humorado.— Não vai servir meu café? — disse ele.Lily ficou em choque. “Está me pedindo café? E com essa cara de poucos amigos?” Sem pensar muito, serviu um pouco de café puro em uma xícara de cerâmica e entregou a ele.— Só isso? E a comida? — continuou ele.Lily ficou ainda mais surpresa. Como havia preparado o café apenas para si, só havia torradas e pão — o que Rafael odiava. Seu café da manhã costumava ser variado, com frutas, ovos mexidos ou alguma pr
Lily ficou atordoada. Será que, finalmente, o universo estava jogando a seu favor? Correu para terminar os preparativos, arrumou a mesa da melhor maneira possível e sentou-se para esperá-lo.O jantar correu, em sua maior parte, em silêncio. Um silêncio estranho, que fazia o coração de Lily palpitar. Será que ele havia se lembrado de que ela era sua esposa?Quase ao fim da sobremesa, ele disse:— Você vai sempre àquele restaurante?A pergunta, fria como gelo, fez Lily estremecer. Não sabia o que responder. Não entendia o motivo daquela pergunta. Estaria bravo com o que aconteceu mais cedo? Provavelmente. Afinal, haviam irritado a doce Catarina.— Não sempre. Apenas quando sou convidada. Felizmente, Ana é uma das poucas pessoas que me convidam.Ao ouvir isso, Rafael lançou-lhe um olhar gélido. Algo estava claramente errado.— Entendo. Dei uma olhada na sua empresa hoje. Parece que seu desempenho não anda nada bem, não é mesmo?Lily congelou. O coração quase saltando pela boca.— Como as