Você já deve ter ouvido que um momento pode ser capaz de mudar toda uma vida. Apesar do estilo “pensamento do dia”, essa frase nunca foi tão certa. Esse momento aconteceu para dois completos estranhos que, certamente, não tinham a menor ideia do quanto o futuro dos dois iria se entrelaçar. Independente e decidida Penélope não vê com bons olhos qualquer um que tente subestimá-la. Segura, extremamente controladora, forte, moderna e descolada, ela acredita que está para nascer o homem que vai dominá-la. Talvez tenha sido isso que despertou em Antony Mazza o desejo de domá-la, ou talvez não. Quem sabe ele não tenha visto além da superfície? O fato é que ele está decidido a Tê-la, tanto quanto ela está decidida a manter distância. Quão resistente você é diante de uma tentação? Quão corajoso você é para se jogar ao desconhecido. Chegou a hora. Deixe aqui seus preconceitos e tome uma dose de coragem para adentrar no escuro mundo de Tony e Penny. E, se por acaso você não tem uma dose de coragem, tome uma dose do bom e velho vinho tinto e seco. Nada suave
Leer másTony
Quando deixei a sala de reunião minha cabeça latejava e eu havia demitido a minha diretora de marketing. Remorso era algo que eu não sentia naquele momento. Fome? Sim. Dor de cabeça? Sim. Tensão? Sim. Mas remorso não.
Atravessei o corredor até a minha sala, ignorando os cochichos enquanto eu passava por algumas salas e, ignorando na mesma medida, os olhares apavorados dos empregados que tinham a infelicidade de passar por mim. Para o bem deles, ao longo do tempo, adquiram a habilidade de identificar o meu humor e manter distância em momentos como esse.
Jeanine, minha secretária, continuou sentada quando passei por sua mesa. Ela, mais do que qualquer outra pessoa tinha a habilidade necessária para lidar comigo. Ela era capaz de me dar uma péssima notícia em meu pior momento e ainda receber toda a minha carga de merda com uma cara de paisagem. Na sequência, ela apenas me daria a próxima notícia ou me atualizaria sobre a minha agenda como se nada tivesse acontecido. É claro que não foi sempre assim. Essa foi uma caraterística trabalhada.
Sem uma palavra, entrei em minha sala e desabei em minha cadeira, girando na direção das enormes janelas panorâmicas que proporcionava uma bela vista da cidade. A noite caíra e Milão dava um espetáculo de luzes. Seja dos prédios de arquitetura moderna, seja dos prédios e monumentos históricos que estão por toda parte ou ainda dos carros que iam e vinham em ritmo frenético levando as pessoas para casa ou para o tão famoso happy hour.
A porta se abriu atrás de mim sem uma batida e, mesmo sem virar, eu sabia de quem se tratava. Sim, eu podia ver o seu reflexo no vidro a minha frente, mas não era só por esse motivo que sabia de quem se tratava. Havia algumas razões: 1) Ele era uma das poucas pessoas que invadiam a minha sala sem bater ou sem ser convidado 2) Ele estava irritado pelo que eu havia acabado de fazer e 3) Sim, eu podia ver o seu reflexo na vidraça.
De qualquer modo, eu não me virei para olhar pra ele diretamente. Ao invés disso, continuei contemplando a cidade que pulsava logo abaixo. – O que você acabou de fazer? – questionou.
- O que tinha que ser feito. Não que eu tenha que te dar satisfação.
- Sim, estou ciente de que você não precisa da minha permissão nem aprovação para nada. Mas, porra! Custava ter sido mais educado?
- Educado? Essa mulher vem fazendo um trabalho de merda a quanto tempo?
- Ela é nova e está começando.
- Aí fora está cheio de gente nova e começando com mais competência do que ela vai possuir a sua vida inteira. Ela que se qualifique e depois entre no mercado de trabalho.
- Você deixou todo mundo nervoso naquela sala. Eles não sabem o que fazer agora... – eu me virei para olhá-lo de frente.
- Agora? Eles não sabem o que fazer há muito tempo, Amadeo. Olha, sem trocadilho com o seu nome, mas eu não quero amadores. E que fique claro para a próxima pessoa que assumir o lugar dela e da sua equipe: Eu quero o melhor. Originalidade, qualidade e criatividade. Não vou engolir nenhum copie e cole.
Ele ergueu as mãos em uma postura defensiva. Amadeo, como meu amigo de longa data, sabia que eu tinha um ponto – Certo – ele falou, enquanto se aproximava mais e se acomodava em uma das cadeiras a minha frente. – Mas ainda temos um problema a resolver. A festa anual com os investidores será daqui a um mês e nós precisamos ter datas de lançamento ou alguma coisa palpável até lá.
- Não é como se fôssemos apresentar uma proposta nesse evento.
- Eu sei, mas qual assunto você acha que vai predominar. Temos que ter alguma coisa em mente. A sensação que eu tenho é que estamos estacionados há seis meses.
- E você ainda me pergunta por que eu fiz o que fiz? Seis meses! Você mesmo falou, estamos estacionados há seis meses quando já poderíamos ter um produto lançado no mercado. Tudo que eu pedi aquela incompetente foi um projeto publicitário inovador, nada da mesma lenga-lenga de sempre e ela fodeu com todas as chances que ela teve, então faça-me o favor de não me crucificar pelo que aconteceu naquela sala.
- Ok. Qual o plano?
- Encontrar alguém que possa fazer o serviço. Você sabe que a minha ideia de ter um departamento de publicidade e propaganda era prioridade, mas tendo em vista a experiência terrível, vamos ter que trabalhar com alguém de fora.
- Uma licitação?
- Nos moldes convencionais seria muito demorada e, nesse momento, tempo é o que nos falta. Além disso, dinheiro é o que menos importa agora. Vou pedir a Ugo que encontre algumas empresas experientes e faça uma proposta. Vamos fazer uma apresentação sobre o projeto daqui a uma semana, e eu quero você lá, Você é o nosso diretor de tecnologia, portanto, o mais indicado para apresentar o nosso produto. Depois disso, os interessados terão duas semanas para nos apresentar uma proposta para a campanha.
Ele acenou concordando, ao mesmo tempo em que retirou o telefone do bolso – Certo. Eu estou indo ver Ugo nesse instante, gostaria que eu mesmo falasse com ele?
- Seria ótimo.
- Considere feito. Mudando de assunto... Você vai ao clube esta noite?
- Não. – Meu tom agora era mais ameno – Não hoje. Amanhã, porém, eu tenho uma cena no salão principal com Beatrice. Você vai?
- Sim, mas não pretendo demorar. Hoje foi um dia e tanto. Estou exausto.
- E quando não é, meu amigo?
- Bom ponto. – ele se levantou – Vê se esfria a cabeça. Vou cuidar dos detalhes com Ugo.
- Obrigado – Ele saiu fechando a porta atrás de si. Eu me voltei para a janela panorâmica reconsiderando a ida ao clube hoje. Eu bem que estava precisando de algum jogo esta noite, mas voltando pra minha mesa, achei que trabalhar seria uma boa maneira de passar o tempo. Amanhã... Amanhã eu iria ao clube.
Uma sensação deliciosa entre as minhas pernas. Era um sonho? A realidade aos poucos fez-se clara e eu fiquei ciente de onde eu estava. Não havia mais máscara em meu rosto e eu podia ver bem, apesar da penumbra do quarto, a cabeça de Tony entre as minhas pernas – Isso é tão bom – Falei sem pensar e ele riu sem tirar seu rosto de lá. Minhas mãos estavam livres, então eu agarrei os seus cabelos. Plantei os calcanhares em seu colchão e empurrei, esfregando minha boceta ainda mais contra a sua língua. Estava bom demais e eu estava quase lá quando ele parou. Frustração veio forte, mas eu a empurrei para longe quando o rosto dele ficou em frente ao meu e seu pau entrou lentamente em mim. – Sinto muito por acordá-la, mas eu não consegui mais vê-la tão bela em seu sono e fazer nada sobre isso. Preciso de você... Seja minha – Pediu. Seus olhos estavam em um tom acinzentado, tão intenso. Seus movimentos dentro de mim tão certos... eu quase disse sim. Mas eu não podia. Não ainda. Eu assisti Tony
As mãos dele pousaram sobre a minha face, uma de cada lado, meu rosto preso entre as suas mãos. – Por favor, fique. – Pediu. Nenhuma outra resposta me ocorreu naquele instante e eu sabia, lá no fundo, que meu sim não era para passar uma noite, mas para o final de semana inteiro. Quiçá, um mês. Eu queria descobrir aquilo que aquele homem tinha a me oferecer e estava disposta a pagar o preço.- Sim – respondi e finalmente entendi o que Isabel e Tony haviam falado sobre sentir prazer em satisfazer alguém. Eu estava feliz por satisfazer a sua vontade. O quanto isso era ridículo? Eu não queria saber. Seu rosto não se dividiu em um sorriso. Pelo contrário, ele estava muito sério. Mas eu não estava lendo errado. A intensidade do seu olhar e a sua respiração ofegante me deixaram saber que ele estava muito feliz com a minha decisão.- Venha comigo –Tony me ajudou a ficar de pé e fez o mesmo, tomando minha mão em seguida e me levando através de um corredor. Havia uma série de portas de ambos os
Nas duas horas e meia que faltava para a chegada de Antony eu passei pelos estágios de birra (do tipo eu-não-vou-a-lugar-algum), indecisão (talvez-devesse-ir-e-ouvir-o-que-ele-tem-a-dizer) e indecisão de novo (com-que-roupa-eu-vou). Quando o porteiro interfonou avisando que Antony já havia chegado, eu dei uma última olhada no espelho e satisfeita com a minha escolha, deixei o apartamento para encontra-lo no lobby.Quando as portas do elevador se abriram, eu o vi de costas com as mãos no bolso. Vestia um terno cinza grafite elegante e seu cabelo estava um pouco bagunçado. O elevador quase se fechou pelo tempo que eu demorei o observando. Eu consegui me mover a tempo de sair e caminhar até ele. Meu salto fazia barulho sobre o piso e ele se virou de repente ao ouvir os meus passos. Seu olhar encontrou primeiro meus olhos, mas não se demorou neles, percorrendo todo o meu corpo e depois fazendo o caminho de volta. – Está linda.Uma onda de satisfação ameaçou vir à tona por agradá-lo, mas e
PennyO apartamento estava silencioso. Demorei um tempo para lembrar de que estava sozinha. Giovanna estava passando o final de semana em algum lugar com o irmão de Tony. Alcancei meu telefone no criado-mudo e fiz uma chamada pra ela. Ela não atendeu. Eu ligaria novamente mais tarde. Vi que era mais de meio-dia e eu tinha uma leve, porém persistente dor de cabeça. Fiz um esforço para me levantar, tomar um banho e tentei não pensar na merda que eu fiz na noite anterior. Foi difícil. Cada vez que eu lembrava das coisas que eu falei sentia a minha face queimar de constrangimento. Uma hora eu estou cheia de dedos em me submeter a um homem e, outra hora, eu estou praticamente implorando para que ele me foda sem sentido. Se minha vida fosse um filme, nesse momento os espectadores estariam perguntando: É isso mesmo, produção?Decidi fazer uma limpeza no apartamento. Não que estivesse precisando ou que eu fosse esse tipo de pessoa prendada. Não mesmo. Mas eu queria me ocupar com alguma coisa
- Trabalhar até tarde de novo? – Desviei a atenção da tela do meu computador para fixa-la em Isabel, que estava de pé à porta da minha sala.- Estou terminando um pré-projeto.- Qual é. Tenho certeza que nada deve ser tão urgente assim.- E não é.- Então por que você apenas não encerra o expediente por hoje e me segue até o bar para tomarmos uma bebida?Eu realmente queria, mas eu temia não ser capaz de segurar a minha língua sobre Antony. Eu desesperadamente precisava falar com alguém se não iria enlouquecer. Mas eu sabia que não devia mencionar o nome de Tony. Acabei concordando. De qualquer modo, hoje seria o grande jantar entre Giovanna e Matteo e eu não queria ficar sozinha em casa pensando bobagem. Fomos de táxi até o nosso bar preferido e ao contrário das usuais cervejas optamos por taças de vinho tinto.- Onde está Bruno? – eu sabia que ele provavelmente estaria viajando ou preso em alguma reunião para que em plena sexta-feira à noite Isabel estivesse sentada aqui comigo. Nó
PennyQuando eu abri os olhos pela manhã, o primeiro sentimento que me veio à tona foi humilhação e, em seguida, raiva. Eu fui completamente ignorada por Tony pelo resto da noite, mas a minha maior revolta era comigo mesma. Eu, Penélope Ferrara, a descolada, a segura de si, a confiante e independente financeira e emocionalmente, fiz o maior papel de boba para encerrar a noite com chave de ouro. Sentindo-me completamente miserável e também um pouco infantil por ficar me esgueirando pelos cantos da mansão enquanto Tony desfilava e tocava a mulher que tinha se pendurado nele pelo resto da noite, decidi ir embora, mas não sem antes falar com ele. Então virei uma taça de champanhe e a depositei, vazia, na primeira bandeja que atravessou o meu caminho, em seguida, caminhei com passos firmes em sua direção. – Tony – chamei intimamente, pois queria mostrar a mulher pendurada em seu pescoço que eu tinha alguma intimidade com ele, mas a cara que se virou pra mim colocou-me em meu devido lugar.
Último capítulo