Helena sentou-se no banco alto diante da bancada, com a sensação de que estava invadindo uma vida que não era dela.
Mas Arthur parecia completamente à vontade.
Abriu uma das portas envidraçadas e tirou uma garrafa de vinho tinto.
O rótulo era discreto, mas Helena não tinha dúvidas de que custava mais do que o aluguel do flat dela.
— Você bebe? — ele perguntou, já pegando duas taças.
— Não costumo. — Ela passou a mão pelo tampo frio da bancada. — Mas… acho que hoje é exceção.
Arthur ergueu uma sobrancelha enquanto servia o líquido escuro com cuidado.
— É só vinho.
— É você. — Helena disse antes de pensar, e depois mordeu o lábio, arrependida.
Arthur parou de servir.
Ergueu os olhos, e por um instante, ela pensou que ele fosse retrucar.
Mas tudo que fez foi empurrar uma taça devagar na direção dela.
— Então é só nós dois.
Ela respirou fundo, sentindo o rosto corar.
Tomou um gole pequeno, tentando ganhar tempo.
O sabor era intenso, quase quente na garganta.
— Bom — disse, sem jeito.
— Eu