Arthur esperou o elevador chegar em silêncio, equilibrando dois cafés e uma sacola com croissants frescos que descera buscar ali perto. Era cedo — mais cedo do que ele costumava começar seus dias. Mas agora, o início da rotina não era mais apenas dele. A cobertura compartilhada com Helena ganhava novos sons, cheiros e ritmos. E, por mais que não tivessem falado abertamente sobre o flat antigo dela, os dias iam se desenhando como um desenho sem pressa, traço por traço, até que morar ali... apenas fez sentido.
Na sala, Helena estava sentada ao computador, com o cabelo preso de qualquer jeito e a xícara de ontem esquecida ao lado do teclado. O sol entrava pela janela e iluminava o quadro branco que eles haviam pendurado na parede. Post-its coloridos, palavras-chave, setas, datas. Tudo se movendo em direção ao novo.
Arthur encostou na moldura da porta e ficou apenas observando.
Ela não percebeu a presença dele de imediato. Estava focada numa planilha, digitando com rapidez, os olhos indo