O céu de Londres amanheceu limpo. Um azul frio, lavado pela chuva da noite anterior, refletia nos prédios de vidro e aço com uma nitidez quase irreal. Helena abriu a janela da cobertura e respirou fundo. O ar tinha gosto de recomeço.
Não era exatamente onde ela achava que estaria. Mas, estranhamente, era onde precisava estar.
A mesa da sala do escritório de Arthur — agora transformada num espaço compartilhado — estava tomada por cadernos, canetas, o laptop aberto e uma xícara de café esquecida ao lado de um pote de bolachas de gengibre. Helena digitava rápido, o cenho levemente franzido. Um cliente potencial respondera ao e-mail com mais perguntas do que ela imaginava, e ela estava no meio da resposta quando Arthur entrou.
— Parece uma CEO já — ele comentou, encostando no batente da porta com um sorriso contido.
— Pior que parece mesmo — ela respondeu, sem parar de digitar. — Mas ainda não decidi se isso é bom ou assustador.
— Assustador pros outros. Que não vão ter ideia de onde você