O dia seguinte começou sem pressa.
Helena acordou com a luz filtrada pelas cortinas, o corpo ainda envolto na presença dele. Arthur dormia ao lado, uma das mãos entrelaçada à dela, como se o sono também tivesse escolhido não deixá-los escapar. Havia algo de sagrado naquele silêncio — não o silêncio que esconde, mas o que acolhe.
Ela ficou ali por um tempo, observando os traços dele suavizados pela calma. Pensou em todas as versões de Arthur que conhecera: o chefe inflexível, o homem gentil, o coração ferido, o amante delicado. Agora via todos — e nenhum. Porque o que estava diante dela era alguém que, como ela, aprendera a se despir das armaduras.
Deslizou para fora da cama com cuidado, pegou uma camiseta dele e foi até a cozinha. Preparou café, cortou frutas, encontrou pão fresco sobre a bancada. A cena era doméstica, e quase banal. Mas nela havia uma beleza simples. Uma promessa silenciosa de que a vida podia ser feita disso: cuidado, presença, reciprocidade, cumplicidade.
Ele apare