Eu senti as lágrimas querendo cair, mas engoli tudo. O que ele queria? Que eu me calasse para proteger Clara? Para quê? Para continuar a prisão em que eu estava presa, para aceitar o casamento que me destruía?
Ele se aproximou ainda mais, a respiração pesada no meu rosto. — Eu sou seu pai e servo de Deus. Sei o que é melhor para você. A Igreja é uma só, e eu tenho meus contatos. Ninguém vai te tirar desse caminho.
Meu corpo tremia, a angústia quase me sufocava. Eu queria fugir, mas não tinha para onde. Estava presa na fortaleza do fanatismo e da tirania.
— Lembre-se: o silêncio é a sua proteção. A obediência é a sua salvação. — Ele disse, antes de virar e sair, fechando a porta com um estrondo que fez meu coração acelerar.
Eu fiquei ali, no escuro, sentindo cada palavra dele se arrastar como um veneno na minha alma. E, no fundo, uma pergunta queimada no meu peito: será que Clara, tão ingênua, realmente não vai perceber o que está acontecendo? Será que eu conseguiria protegê-la da