Eu senti o nó na garganta subir. Me senti ridícula por não dizer nada. Eu queria xingar, gritar, comprar vinte sorvetes e jogar todos na cara dele. Mas não fiz nada. Porque eu sabia que, se eu começasse, ele ia virar tudo contra mim. Como sempre fazia. E a Laura… ela não merecia mais uma guerra hoje. Não depois daquele dia.
O resto do caminho foi um silêncio longo e desconfortável, só interrompido por comentários soltos da minha mãe, tentando fingir uma normalidade que nunca existiu.
— Foi tão bom sair em família, né? — ela disse, mexendo no cabelo pelo espelho retrovisor, sem olhar pra ninguém.
Ninguém respondeu.
Eu encostei a cabeça no vidro da janela, observando os prédios passarem, pensando no Lucas. Pensando naquela garota, a Ana. Pensando naquele beijo estranho. Pensando em como tudo tinha começado a ruir, mesmo que por fora parecesse tudo no lugar.
Lucas tinha dado uma desculpa. Tinha dito que era uma colega de trabalho, que eu mesma já conhecia de nome. Eu revire