Eu senti o nó na garganta subir. Me senti ridícula por não dizer nada. Eu queria xingar, gritar, comprar vinte sorvetes e jogar todos na cara dele. Mas não fiz nada. Porque eu sabia que, se eu começasse, ele ia virar tudo contra mim. Como sempre fazia. E a Clara… ela não merecia mais uma guerra hoje. Não depois daquele dia.
O resto do caminho foi um silêncio longo e desconfortável, só interrompido por comentários soltos da minha mãe, tentando fingir uma normalidade que nunca existiu.
— Foi tão bom sair em família, né? — ela disse, mexendo no cabelo pelo espelho retrovisor, sem olhar pra ninguém.
Ninguém respondeu.
Eu encostei a cabeça no vidro da janela, observando os prédios passarem, pensando no Lucas. Pensando naquela garota. Pensando naquele beijo estranho. Pensando em como tudo tinha começado a ruir, mesmo que por fora parecesse tudo no lugar.
Lucas tinha dado uma desculpa. Tinha dito que era uma colega de trabalho, que eu mesma já conhecia de nome. Eu revirei minha cabeça t